As consequências da seca na Amazônia são alarmantes. Morte de botos e peixes, isolamento de comunidades, queimadas fora de controle, problemas de abastecimento e riscos a saúde. A região registra o pior índice de chuvas das últimas décadas, complicando a situação da biodiversidade e de quem vive na região
No Pará, diversas cidades são afetadas pela seca histórica, com o Governo Federal chegando a reconhecer o estado de calamidade pública em alguns municípios, como Santarém, Jacareacanga e Monte Alegre, processo que facilita a aquisição de recursos para auxiliar a população.
O El Niño é o aquecimento acima da média nas águas do Pacífico, alterando a direção dos ventos e a distribuição das chuvas. No Brasil, causa o aumento da precipitação no Sul e seca no Norte, transportando a umidade pelos ventos. Isso prolonga o período de estiagem, impedindo que a chuva ajude os rios a terem seu volume habitual.
Aquecimento do Atlântico
Outro problema é que o Oceano Atlântico está mais quente na parte acima da Linha do Equador. Com 97% da água do planeta nos oceanos, uma maior evaporação no hemisfério Norte faz com que as chuvas se concentram naquela região, consequentemente, tendo menos chuva no Sul. Esse fenômeno ainda intensifica os impactos do El Niño.
Amazônia devastada
O terceiro fator é a degradação da Amazônia. Como a floresta produz cerca de metade das próprias chuvas, pela evapotranspiração das árvores, o desmatamento resulta diretamente em menos precipitação, formando um círculo vicioso: com menos árvores, há menos chuvas. Com menos chuvas, há menos árvores.
Até mesmo a chegada do período de chuvas pode não ter efeitos tão fortes. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais afirma que justamente entre novembro e dezembro o El Niño deve atingir sua intensidade máxima, colaborando para 2023 ter o segundo semestre mais quente da história.