Projeto deixa saldo positivo na compensação de carbono

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As atividades do projeto Florestas de Valor, desenvolvido pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) na Amazônia, apresentam impacto positivo ao clima com a manutenção ou aumento do carbono na biomassa dos sistemas produtivos. A avaliação é do engenheiro florestal Eduardo Gusson, especialista em carbono e técnico do Imaflora.

Segundo Gusson, a análise considera as emissões evitadas em função da conservação da vegetação nativa, no caso das áreas sob manejo extrativista de produtos da sociobiodiversidade sob orientação do projeto (como área de coleta de castanha-do-pará, cumaru, copaíba), ou devido à transição da mudança no uso do solo, de pastagem e agricultura convencional para Sistemas Agroflorestais (SAFs), “sempre considerando a queima evitada da biomassa para o preparo das áreas (o que denominamos de Roça Sem Fogo)”.

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Gusson destaca três fatores para sustentar sua avaliação: a mecanização do preparo dos roçados, mantendo a biomassa das capoeiras no lugar do uso tradicional do fogo; a implantação de roçados e SAFs e a manutenção do carbono das florestas que são utilizadas para o manejo de produtos não madeireiros.

A substituição da roça de corte e queima (coevara), que é uma prática comum de preparo dos roçados, afirma o engenheiro, reduz a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) por evitar a queima de biomassa. Os SAFs, destaca Gusson, promovem a remoção (ou sequestro) do carbono atmosférico, que é um dos Gases do Efeito Estufa, “através do acúmulo deste elemento na biomassa das plantas cultivadas, e também na serrapilheira e solo, com o decorrer do estabelecimento destes sistemas produtivos”. Por último, ainda segundo Gusson, o extrativismo de produtos como a castanha-do-Pará (ou castanha-do-Brasil), do açaí, da copaíba e do cumaru garante o carbono das florestas.

“Mantendo a floresta em pé e não a convertendo para o uso agrícola, você garante os benefícios de coleta e comercialização dos produtos ao mesmo tempo que evita a emissão do carbono da biomassa para a atmosfera. E mesmo para estas florestas, se tem ainda uma pequena taxa de remoção anual de carbono e seu acúmulo na biomassa”, assinala o engenheiro.

Para as áreas de conservação direta (ACD) das florestas, onde se realizam as atividades extrativistas dos produtos da sociobiodiversidade como a castanha-do-Pará, o cumaru, o óleo de copaíba e de andiroba, o estoque de carbono total estimado foi de 326.822.569 tCO2e para o total de 502.630,46 hectares de vegetação conservada, informa Eduardo Gusson. Isso, assevera o engenheiro, corresponde a cerca de 650 tCO2e armazenados nos diferentes reservatórios de carbono da floresta, ou seja, na biomassa da parte aérea e das raízes das árvores, na madeira morta, na serapilheira e no carbono orgânico do solo.

Ao longo de seu desenvolvimento, informa Eduardo Gusson, o projeto Florestas de Valor implantou 162,0 hectares de Sistemas Produtivos de SAFs, resultando na remoção de 4.691,8 tCO2e até o momento, bem como na redução das emissões de GEE, devido ao uso do Sistema de Roça Sem Fogo, de mais 1.552,6 tCO2e que seriam emitidos pela queima da biomassa das capoeiras. “Houve balanço positivo de estoque total de 6.244,4 tCO2e atualmente presentes nos sistemas produtivos implantados até o ano de 2022. Para se ter parâmetro, um SAF de cacau como o praticado nas áreas apoiadas pelo projeto Florestas de Valor consegue estocar cerca de 90 a 100 tCO2e em sua biomassa 10 anos após sua implantação”, disse o engenheiro.

Segundo Eduardo Gusson, considerando as ações de conservação florestal, roça sem fogo e implantação de sistemas agroflorestais, “o projeto Florestas de Valor contabiliza um impacto total de remoções e emissões evitadas de 326.828.813,8 tCO2e (ou 326 milhões de toneladas de CO2 equivalente)”.

SOBRE O IMAFLORA

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995, que nasceu sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica associada a boas práticas de manejo e a uma gestão responsável dos recursos naturais. O Instituto busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola.

O Imaflora desenvolve atividades que contribuem para a elaboração e implementação de políticas de interesse público que, de fato, façam a diferença nas regiões em que atua. Os programas aplicados nas comunidades preveem a criação de modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que podem ser reproduzidos em outros municípios, regiões ou biomas do País. Mais informações: https://www.imaflora.org/

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