Economia verde na prática: como empresas podem crescer com soluções sustentáveis?

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Discute-se cada vez mais a importância da chamada “economia verde”, vertente contemporânea e, por que não dizer, urgente, que visa promover o desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que reduz impactos ambientais negativos, sem deixar de lado o lucro. Pode-se dizer que é uma abordagem econômica que procura integrar preocupações ambientais e sociais nas atividades econômicas, visando a conservação dos recursos naturais e a melhoria do bem-estar humano.
Pois bem, nesse modelo econômico, as empresas e organizações buscam utilizar recursos de forma mais eficiente, adotando práticas e tecnologias que minimizem o desperdício e a poluição. Além disso, a economia verde estimula o uso de energias renováveis, a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento de tecnologias limpas e a promoção de empregos e funções que contribuem para a preservação ambiental.
Sejamos sinceros, minha cara leitora e meu caro leitor: muitas vezes, ao ouvir falar disso, imaginamos grandes empresas que reduzem, por exemplo, apenas o uso de plásticos ou ainda grandes fábricas que passam a buscar a diminuição de substâncias poluentes. Ou seja: sempre parece algo distante, que não toca nossa vida e, por isso mesmo, não raramente damos uma importância minúscula.

No entanto, a economiza verde está cada vez mais próxima e é algo que pode ser instigado desde pequenos negócios, como cooperativas, sejam elas voltadas ao agro, a serviços ou mesmo outros tipos de produtos. Nesta cadeia de incentivo e também conscientização, o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) vem tendo um protagonismo cada vez mais amplo, que ficou mais nítido nos dia 9 e 10 de outubro, quando realizou a 8ª edição do Encontro Nacional com Jornalistas e Formadores de Opinião, nas cidades de Porto Alegre, Gramado e Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul.

Registro da 8ª edição do Encontro Nacional com Jornalistas e Formadores de Opinião em Porto Alegre. Foto: Enderson Oliveira.

Na ampla e intensa programação, da qual tive a oportunidade de ser o único jornalista de um veículo de imprensa de Belém a ser convidado, pude conhecer e notar mais suas ações diante da necessidade de se tornar mais sustentável e colaborar, pelo exemplo ou incentivo financeiro, para melhorias urgentes no ambiente.
Ao possuir mais de 7 milhões de associados e estar presentes em todo o Brasil, com mais de 2,5 mil agências, distribuídas em mais de 100 cooperativas, o Sicredi cria e fortalece uma rede ampla e diversa, em que diversos atores sociais podem contribuir para melhorias no ambientes desde seus empreendimentos, que podem ter acesso a crédito facilitado e vantagens exclusivas através das cooperativas.

Parte dos mais de 50 jornalistas que participaram do Encontro Nacional com Jornalistas e Formadores de Opinião em Porto Alegre. Foto: Enderson Oliveira.

“Acreditamos na importância da presença física e do relacionamento próximo, aliada à comodidade do atendimento digital, para contribuir com a promoção da cidadania e a
inclusão financeira da população, apoiando as pessoas e impulsionando negócios nas
localidades onde atuamos”, enfatizou César Bochi, diretor presidente do Banco
Cooperativo Sicredi.

ECONOMIA VERDE NA PRÁTICA
O Sicredi também possui atualmente uma estratégia específica de sustentabilidade, com três pontos fundamentais: “Relacionamento e Cooperativismo”; “Desenvolvimento Local” e “Soluções Responsáveis”. Os três princípios se relacionam ao Pacto Global em 2020 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que compõem a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

É justamente aí que o acesso ao crédito se torna mais próximo e necessário ainda. Segundo o Sistema, cuja origem remota à virada no século XIX para o XX, pelo padre Theodor Amstad, em 2023, por meio do apoio a seis projetos de créditos de carbono localizados em diferentes regiões do Brasil, o Sicredi neutralizou mais de 45 mil toneladas de gases de efeito estufa.
Outras ações práticas da instituição, que está presente em Belém e diversas cidades da região metropolitana e interior do Estado, há a preferência pela utilização de energia limpa nas agências e sedes administrativas, com a implantação de painéis de energia solar.
Estas e outras ações podem ser realizadas também por outras empresas e empreendimentos de áreas diversas, sendo incentivadas e fortalecidas pelo acesso a crédito que pode ocorrer por parte de diversas pequenas e grandes e empresas e até mesmo pessoas que são microempreendedores individuais (MEI). É justamente aí, como se nota a economia verde passa a ser melhor vista na prática.

Como já foi dito, o objetivo central da economia verde é criar um equilíbrio entre o crescimento econômico e a proteção do meio ambiente, buscando conciliar progresso financeiro, inclusão social e proteção ambiental. A ideia de reunião e busca de objetivos em comum podem ser resumidas em cooperação, palavra-base da qual partem as cooperativas. Assim, a busca do incentivo e adequação à economia verde é cada vez mais importante e isto parte de exemplos do próprio Sicredi.
Em Mato Grosso e no Acre, por exemplo, as agências e sedes administrativas são abastecidas por energia gerada por usinas próprias. Nos demais estados da região, como o Pará e também Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá, está em estudo a construção de novas usinas fotovoltaicas e outros modelos sustentáveis de energia. “Com os investimentos em energia limpa, buscamos reduzir nossas emissões de carbono, antes de neutralizar. Em diversos municípios de Mato Grosso, por exemplo, as cooperativas já adotaram como norma o uso do etanol em todos os veículos flex – um combustível mais limpo, de origem vegetal e cuja produção gera empregos e arrecadação de tributos no próprio estado, o que estimula o desenvolvimento local, outro pilar da nossa atuação”, pontua a gerente de Sustentabilidade e Cooperativismo da Central Sicredi Centro Norte, Daniela Lepinsk Romio.
Além disso, outras medidas já são tomadas por unidades do Sicredi e podem ser “copiadas”, inclusive com investimento captado com crédito junto a instituição.
Veja:

– Reutilização da água da chuva em diversas ações cotidianas mais simples: isto ajuda a economizar água e criar estratégias que evitem alagamentos ou outros problemas advindos do acúmulo de água;
– Reciclagem de diversos tipos de materiais: umas das alternativas mais comuns e difundidas no mundo há décadas, a reciclagem de diversos materiais é cada vez mais necessária e rentável, afinal muitos produtos que são “recriados” ou reaproveitados se tornam mais caros, pelo valor agregado;
– Assinatura eletrônica e outros processos que evitem a utilização de papel: com investimento em tecnologia e adoção de processos mais informatizados, você economiza papel e otimiza diversas operações;
– Ações de ensino, aprendizagem e conscientização socioambiental junto às comunidades: a proximidade de inúmeras comunidades e uma das marcas do Sicredi ao longo de sua história. Isto facilita o compartilhamento de informações e de aprendizados;
– Busque certificações ambientais, como ISO 14001: isto demonstra o compromisso da cooperativa com práticas sustentáveis. Essas certificações podem aumentar a credibilidade da cooperativa e facilitar o fechamento de negócios;
– Aposte mais em vidros nos ambientes: isto amplia a iluminação e, com isso, ajuda a diminuir o consumo de energia elétrica;
– Logística: se sua cooperativa estiver envolvida na distribuição de produtos, otimize as rotas de entrega para economizar combustível e reduzir as emissões de carbono.

No contexto da economia verde, estas ações contribuem para a cooperativa ser bem vista e, com isso, fechar melhores negócios e ter maior rentabilidade. Como se nota, adotar medidas de sustentabilidade pode ser um impulso significativo para uma cooperativa, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também em termos de atratividade e retorno financeiro.
Ao incorporar práticas sustentáveis, como redução do consumo de recursos naturais, produção e distribuição ecoeficientes, e gestão eficaz de resíduos, a cooperativa demonstra seu compromisso com a responsabilidade social e ambiental. Além disso, a sustentabilidade muitas vezes leva à inovação. Ao buscar métodos de produção mais ecológicos e eficientes e ter a chance de conseguir crédito junto ao Sicredi, as cooperativas podem descobrir soluções criativas que economizam recursos e reduzem custos operacionais.

Nesta “nova” cadeia econômica, os recursos adicionais – as “sobras” das cooperativas ou “lucro”, para as empresas – podem ser (re)investidos em melhorias operacionais, pesquisa e desenvolvimento, bem como em programas de conscientização e educação, ampliando ainda mais o alcance e a influência da cooperativa. Assim, ao adotar práticas sustentáveis, uma empresa não apenas se destaca no mercado, mas também aumenta sua rentabilidade, impulsiona a inovação e cria um impacto positivo na comunidade e no meio ambiente e tudo isto pode ser feito aqui, agora, próximo de você, em uma cadeia muita mais próxima do que você imaginava quando começou a ler este texto.

Enderson Oliveira é jornalista, coordenador de conteúdo no DOL, mestre e doutor em Antropologia.

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