De acordo com um estudo inédito encomendado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), formado por lideranças da sociedade civil, o Brasil reúne todas as condições necessária para se tornar uma liderança global na agenda ambiental e climática, tornando-se protagonista em 18 áreas do meio ambiental e sustentável.
Durante a pesquisa, foram ouvidos cerca de 90 especialistas, líderes e pesquisadores, além de mais de 3 mil brasileiros de todas as regiões, segundo o levantamento. Esse estudo foi necessário para entender como o país se enxerga no cenário atual e quais caminhos pode trilhar rumo a um papel de maior destaque no mundo.
Ainda segundo o estudo, há uma mudança importante de percepção: a tradicional imagem do Brasil como o “país do futuro” começa a ceder espaço a uma postura mais ativa e confiante, marcada pela ideia de que o país já está pronto para liderar. O chamado “complexo de vira-lata” — expressão cunhada para descrever o sentimento de inferioridade nacional — está sendo substituído por uma nova narrativa, baseada no reconhecimento de ativos valiosos como a biodiversidade, a energia limpa e o potencial de inovação.
Amazônia é o símbolo da nova identidade nacional
A realização da COP30 em Belém, no coração da Amazônia, representa uma oportunidade única para que o país assuma de vez esse protagonismo. Um dos indicativos dessa mudança é o fato de a Amazônia ter superado o Rio de Janeiro como principal símbolo da identidade brasileira, segundo os entrevistados. A valorização do território, da sociobiodiversidade e da responsabilidade ambiental está cada vez mais presente no imaginário coletivo.
“A COP30 será um marco. O mundo está em busca de modelos reais de desenvolvimento sustentável, e nós temos todas as credenciais para liderar essa transformação de maneira autêntica e eficiente”, afirmou Jeanine Pires, conselheira do CDESS e integrante do grupo de trabalho responsável pela pesquisa.
18 áreas de excelência brasileira se destacam
O relatório identifica 18 áreas nas quais o Brasil já desponta como referência internacional. Entre elas:
1. Biodiversidade – Riqueza natural inigualável, com destaque para a Amazônia.
2. Matriz energética limpa – Forte presença de fontes renováveis como hidrelétricas, eólicas e solares.
3. Agricultura de baixo carbono – Técnicas agrícolas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa.
4. Biocombustíveis – Pioneirismo no uso de etanol e biodiesel.
5. Ecoturismo – Potencial de crescimento aliado à conservação ambiental.
6. Minerais críticos – Abundância de lítio e nióbio, essenciais para tecnologias verdes.
7. Democracia – Sistema democrático como base para políticas públicas sustentáveis.
8. Políticas públicas – Avanços regulatórios voltados à economia verde.
9. Empreendedorismo social – Projetos que promovem impacto positivo nas comunidades.
10. Ciência – Pesquisas voltadas para inovação sustentável.
11. Design sustentável – Soluções criativas com foco na redução de impactos ambientais.
12. Gastronomia – Valorização de práticas alimentares ligadas à sustentabilidade.
13. Artes e cultura – Ferramentas de conscientização e mobilização social.
14. Ecossistema de startups – Inovações voltadas para desafios sociais e ambientais.
15. Tecnologias financeiras – Financiamento de projetos sustentáveis.
16. Setor aéreo – Avanços no uso de combustíveis sustentáveis (SAF).
17. Movimentos sociais – Atuação relevante na pauta ambiental e de justiça climática.
18. Esportes – Eventos com foco em sustentabilidade e redução de impactos.
Propostas para o futuro
Entre as diretrizes apontadas para o Brasil se consolidar como liderança global, o estudo propõe fortalecer a narrativa da sociobiodiversidade, criar uma estratégia nacional de comunicação alinhada com a nova geração e assumir o papel de mediador global em temas climáticos.
“O estudo não é apenas um exercício de marketing. Ele é um chamado à ação, para que o Brasil rompa com as narrativas limitantes do passado e se afirme como líder global”, concluiu Victor Cremasco, CEO da consultoria Mandalah e um dos participantes da pesquisa.
Com a proximidade da COP30, o momento é visto por especialistas como decisivo para o país mostrar ao mundo que desenvolvimento e sustentabilidade podem, sim, caminhar juntos — e que o Brasil pode ser o grande exemplo dessa nova era.
Com informações de Exame