COP 30 em Belém: setor imobiliário traz soluções para hospedagens 90% mais baratas e especialistas alertam sobre desinformação

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A realização da COP 30 em Belém, cidade escolhida pela ONU para sediar o evento em novembro de 2025, coloca a capital paraense no centro das atenções globais, mas também levanta debates sobre a infraestrutura hoteleira da cidade. Nos últimos meses, notícias de preços abusivos praticados no setor de hospitalidade viralizaram em todo o Brasil. Mas será que é somente esta realidade pré-COP existente na capital paraense?

Ao fazer buscas simples em plataformas de alugueis de imóveis, encontra-se, de fato, imóveis com valores muito acima do esperado para o período da COP 30. Há interessados que relatam que encontraram hospedagens para os 11 dias de evento por R$ 2 milhões (US$ 335 mil), ou seja, com diárias saindo a R$ 181 mil (US$ 30.318 mil).

Porém, a mesma plataforma de alugueis também encontram-se valores dentro do que é considerado normal para um período de um evento internacional.

A corretora de imóveis, Simone Moura Palha, diz que é necessário cuidado ao procurar e alugar imóveis antes de consultar profissionais do mercado imobiliário.

“As altas tarifas que circulam por aí são, em sua maioria, praticadas em plataformas de hospedagem por pessoas que não têm conhecimento real do mercado imobiliário. Nós, corretores, trabalhamos com valores justos e alinhados à realidade. Atendemos um público que busca segurança e que prefere negociar com profissionais para evitar surpresas e garantir um investimento confiável para eles e para quem aluga”, ressalta a corretora.

No setor hoteleiro, eventos de grande porte sempre influenciam os valores de hospedagem. Na COP 28 em Dubai, por exemplo, diárias chegaram a US$ 100 mil (R$ 597 mil) por noite no quarto mais caro da cidade, no The Royal Mansion no Atlantis; na Villa Royal Malakiya, durante o evento internacional, a diária por noite chegou a US$ 3.800 (R$ 22,6 mil), de acordo com apuração da CNN Brasil.

“No dia a dia, hotéis 3 a 5 estrelas em Belém praticam diárias na faixa de R$ 300 a R$ 1.200. Durante a COP ou qualquer outro evento internacional, a exemplo da COP29 em Baku e até mesmo na reunião dos G20, no Rio, é natural que esses valores se elevem e se ‘dolarizem’, tornando as diárias entre US$ 200 e US$ 1.200, mas a multiplicação por 100, como se tem especulado, não reflete a realidade do evento. Não é um momento normal para a cidade, o que não significa que não existam boas alternativas, tanto que a rede hoteleira já está praticamente esgotada para o período do evento, a questão está nas plataformas de aluguel de imóveis porque as pessoas estão sonhando que vão ficar milionárias. A hospitalidade para a COP 30 em Belém não se limita às opções mais caras e o mercado está preparado para garantir que o evento seja viável e bem-sucedido. Para quem deseja estar presente, há soluções acessíveis, estruturadas e seguras, desmistificando a ideia de que a cidade não está pronta para receber um evento desse porte”, ressalta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Pará (ABIH), Toni Santiago.

Soluções

Para contornar o déficit de hospedagem tradicional, novos modelos de acomodação estão sendo estruturados, a exemplo do Residence 091 Cristal, no bairro de Val-de-Cães, e o Residence 091 Nazaré, localizado na área mais central de Belém. Nestes dois últimos locais é possível encontrar pacotes completos, que incluem o aluguel dos imóveis e serviços adicionais como café da manhã, recepção bilíngue, concierge, transporte exclusivo, segurança 24h, camareira e serviço de quarto, com diárias a partir de US$ 1 mil por pessoa, ou seja, US$ 11 mil os 11 dias, convertendo para real, sairia por R$ 65.670,00 a estada de uma pessoa no período do evento.

Os valores foram baseados no dólar a US$ 5,97, os quais que evidenciam uma diferença de 90% se comparados com os valores dos imóveis de R$ 2 milhões que viralizaram em todo Brasil.

“Isto prova que há alternativas com preços justos, variando de US$ 1.000 a US$ 3.000 por pessoa, garantindo uma experiência segura e confortável para os participantes da conferência. E sobre este assunto, acredito que, neste momento, falta empatia com o Norte. Quando a Copa do Mundo veio para o Brasil, houve o discurso de que o país não receberia o evento esportivo porque não estava preparado; a mesma coisa nas Olimpíadas, também falaram que o Rio de Janeiro não iria receber, e agora estão fazendo o mesmo com o Pará, mas diferente dos outros, é um estado que nunca esteve na rota dos grandes eventos por uma série de injustiças sociais. O que queremos passar é: a COP 30 vai ser realizada no Pará. É preciso respeitar uma escolha feita internacionalmente”, diz Jorge Bentes, diretor da Plataforma 091, hub de empresas dedicado a impulsionar o setor de eventos em Belém.

Somando-se às notícias dos valores abusivos de imóveis, a fake News de que a sede da COP 30 será deslocada para outras capitais do país interfere diretamente nas tomadas de decisão das grandes empresas que tem projetos na cidade para essa época do ano.

“Os negócios locais estão sendo impactados pela desinformação, tanto pela fake news de que a COP 30 não será em Belém, quanto pela repercussão dos altos preços de hospedagem. A incerteza afasta investidores, empresas, turistas e compromete o crescimento econômico da região, prejudicando quem se preparou para essa oportunidade histórica”, diz Jorge Bentes, da Plataforma 091.

Notícias negativas, envolvendo a capital paraense, esconde um preconceito contra a região Norte, que historicamente tem menos oportunidades para sediar grandes eventos, de acordo com a mestra em Comunicação, Linguagens, Culturas e Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPa) e pós-graduanda em Desenvolvimento em Áreas Amazônicas, Juliana Miranda.

“É fundamental discutir as questões relacionadas às especulações imobiliárias, mas também é necessário estar atento aos discursos xenofóbicos disfarçados de críticas construtivas. A região Norte, historicamente marginalizada, ainda enfrenta as consequências de um passado colonizador, o que contribui para a recorrente narrativa de que não estamos preparados para receber grandes eventos. No entanto, mesmo diante desses desafios, é essencial destacar que o desenvolvimento estrutural e econômico da região Norte deve ser um ponto central nas discussões sobre a COP 30. O Norte tem o direito de prosperar e de ter sua população como protagonista, não apenas na COP, mas também em outros grandes eventos”.

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