Belém do Pará, a capital da Amazônia, alcançou um feito inédito este ano. A cidade das mangueiras foi eleita pela prestigiada revista inglesa Lonely Planet como um dos dez melhores destinos gastronômicos do mundo em 2025 e ainda sediará a COP30 este ano.
No mês de novembro deste ano, Belém será o palco da COP30, a conferência climática que reunirá líderes de todo o mundo para discutir soluções sobre as mudanças climáticas. Além das pautas ambientais, os participantes do evento poderão fazer uma viagem gastronômica pelas riquezas da culinária brasileira e de sabores regionais. E a missão de comandar esse banquete estará nas mãos do chef paraense Saulo Jennings, um dos grandes nomes à frente da programação gastronômica da conferência.
Com uma visão de que “existem duas formas de conquistar o mundo: pelo relacionamento ou pela barriga”, Jennings aposta em pratos que combinam ingredientes típicos da região amazônica para deixar uma marca indelével na memória dos chefes de Estado, entre eles Vladimir Putin, Xi Jinping e, caso confirme presença, Donald Trump.
Sabores da Amazônia no Menu
O chef que já possui uma bagagem de experiência internacional, como no jantar inaugural da COP28 em Dubai, planeja servir pratos típicos e inovadores. Ele já adiantou que, entre os destaques, estará o peixe filhote assado na brasa — um prato de 50 quilos que já agradou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma ocasião anterior. Outro prato previsto para impressionar os convidados é o pirarucu, o famoso peixe amazônico, que será servido com uma farofa de legumes e frutas, acompanhado de tacacá — uma sopa tradicional que é símbolo da culinária paraense.
A Sustentabilidade no Prato
A escolha dos ingredientes também reflete o compromisso com a sustentabilidade, um dos temas centrais da COP30. Jennings ressalta que os pratos serão preparados com ingredientes que não estejam em extinção ou em risco de desaparecimento. Para ele, a gastronomia tem um papel fundamental na preservação ambiental, servindo como uma ferramenta poderosa na bioeconomia. “Temos que extrair da natureza de forma correta, com respeito aos biomas, e a gastronomia pode ajudar a divulgar essa causa”, afirma o chef, que já negociou a criação de centros de pesquisa na Amazônia para promover a troca de saberes culinários entre chefs locais e internacionais.
A Inclusão de Sabores de Todo o Brasil
Embora os pratos de Jennings tragam uma forte influência amazônica, o evento contará com a participação de outros renomados chefs brasileiros. O chef Bel Coelho, de São Paulo, por exemplo, está preparando pratos inspirados no Menu Biomas, um projeto que ela desenvolveu por anos em seu restaurante Clandestina. “Será uma oportunidade de trazer a gastronomia da Amazônia para o resto do Brasil e, quem sabe, para o mundo”, explica Bel, que promete pratos como filhote com caldo de tucupi e purê de banana, além de sobremesas inovadoras com cacau, bacuri e farofa de castanha-do-pará.
O chef Jefferson Rueda, conhecido pelo seu trabalho no restaurante A Casa do Porco, também estará presente e, além de assinar um cardápio exclusivo para o evento, dividirá a cena com Jennings para criar pratos conjuntos que representam a riqueza e diversidade da culinária brasileira.
O Impacto do Evento na Gastronomia Local
O impacto da COP30 vai além dos banquetes oferecidos aos dignitários. Chefs como Thiago Castanho, com seu renomado restaurante Puga, têm sido procurados por delegações internacionais para oferecer consultorias e eventos privados. Castanho aposta em pratos como o atum cru com tucupi, castanha-do-pará e molho nampla, buscando não apenas encantar os turistas, mas também desmistificar a imagem da Amazônia. “É uma oportunidade de mostrar que a culinária da Amazônia não é apenas sobre a floresta, mas também sobre o que produzimos de maneira sustentável e rica em biodiversidade”, diz Castanho.
Pratos com Propósito
Além das iguarias que farão parte do cardápio, uma das inovações do evento será a louça personalizada feita por artesãos locais, que proporcionará uma experiência sensorial completa aos participantes. O cuidado com cada detalhe da gastronomia e do serviço visa não apenas promover os sabores da região, mas também reforçar o compromisso com a cultura local e a sustentabilidade.
Com chefs de todo o Brasil se unindo em prol da COP30, o evento promete não só ser um marco nas discussões sobre o futuro do planeta, mas também uma vitrine de sabores autênticos que podem ser o próximo passo na valorização da gastronomia brasileira no cenário internacional.
No fim, como bem diz o chef Jennings, “a comida tem o poder de unir as pessoas”. E, com a mistura de sabores e histórias que Belém oferecerá, o Brasil pode ter, sim, conquistado o mundo.
Com informações de O Globo.