A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, afirmou que a conferência do clima prevista para Belém, em 2025, está sendo organizada de forma distinta em relação a edições anteriores, principalmente pela ampliação da participação da sociedade civil.
Em entrevista, Toni destacou a presença de representantes de diferentes setores na governança do evento, além da priorização da mobilização social e da escuta de organizações e movimentos para a definição das prioridades da agenda climática.
De acordo com ela, a conferência contará com uma cúpula de povos indígenas, manifestações nas ruas e participação de movimentos sociais e entidades em espaços como a Green Zone e a Blue Zone. Para a executiva, esse modelo reflete a forma de atuação política no Brasil e deve ser incorporado ao funcionamento da conferência.
Toni também afirmou que espera que a COP30 seja lembrada como a edição que elevou a agenda de adaptação climática a um nível central nas negociações internacionais. Segundo ela, essa pauta precisa ganhar espaço nas áreas de política e economia. “Já chegou à realidade das famílias, dos negócios e dos custos para governos e empresas. É uma questão de adaptação para reduzir impactos e salvar vidas”, disse.
A diretora-executiva defendeu que a perspectiva de adaptação deve estar presente em todos os projetos econômicos e de infraestrutura. Como exemplo, citou a necessidade de considerar riscos climáticos desde a concepção de obras como escolas e pontes.
No entanto, Toni avaliou que o projeto de lei que altera regras do licenciamento ambiental pode comprometer os compromissos do Brasil na agenda climática. Segundo ela, a legislação deveria ser usada como ferramenta de transição para uma economia de baixo carbono, mas a versão aprovada caminha no sentido contrário.