As reflexões acerca do futuro em algum momento fazem parte também das ações desenvolvidas no presente. No caso dos jovens, então, o processo de formação para uma atuação profissional faz com que a realidade atual seja ainda mais permeada por planos e perspectivas futuras.
Na medida o que se busca refletir sobre o que se almeja nĂŁo apenas para a prĂłpria vida, mas tambĂ©m para a de todos os que habitam o mesmo mundo, os anseios da juventude passam pela necessidade de um projeto de paĂs que esteja mais conectado Ă s necessidades dos jovens, que dĂŞ voz para as pessoas que estĂŁo comunidades dos diferentes territĂłrios, que avance muito mais nas questões ambientais relacionadas ao uso sustentável dos recursos hĂdricos e, claro, pela maior oportunidade de acesso e permanĂŞncia dos jovens a uma educação de qualidade. Uma visĂŁo diferente do que está por vir, a visĂŁo da juventude do futuro.
Edvaldo Silva Reis, 17 anos, estudante do curso de licenciatura em matemática.
“O futuro Ă© objeto das minhas reflexões praticamente todo dia e, principalmente, o meu futuro como profissional. Mas o futuro do paĂs nĂŁo sai do meu campo de pensamento tambĂ©m. Eu espero para a minha carreira profissional um futuro que seja estável e que esteja conectado com as novas tendĂŞncias do mundo. É por isso que eu espero uma boa capacitação como profissional. Para o futuro do paĂs eu espero muita estabilidade polĂtica e tambĂ©m um projeto de paĂs que esteja conectado Ă s necessidades dos jovens, que seja conectado a esse mundo novo que está surgindo com as redes sociais e com todo esses objetos de informação e, como diz o Zygmunt Bauman (sociĂłlogo e filĂłsofo polonĂŞs), com essa modernidade lĂquida. Que nĂłs estejamos conectados e cientes desse mundo que nĂłs estamos vivendo para que as polĂticas pĂşblicas sejam formuladas com base nisso. Eu acredito que a gente ainda nĂŁo está nesse caminho porque a polĂtica nacional ainda está sendo realizada sem um projeto de paĂs claro, ou seja, nĂŁo se tem uma direção clara para onde o paĂs está indo, entĂŁo, nĂłs sĂł vamos conseguir estar conectados com as necessidades desse novo mundo a partir do momento que nĂłs tivermos um projeto de paĂs bem estabelecido”.
Laysse Sousa, 22 anos, estudante do curso de publicidade e propaganda.
Há um tempo atrás era uma coisa que me preocupava muito, pensar no meu futuro. Isso porque eu acho que poucas sĂŁo as perspectivas que chegam para mim. Mas eu acho que entrar na UFPA (Universidade Federal do Pará) no ano passado – eu venho de uma outra graduação em outra universidade pĂşblica – me deu uma nova perspectiva do que eu quero para mim, uma visĂŁo mais ambiciosa dos planos que eu quero conquistar e do que eu quero para mim pela frente. Junto com isso, tambĂ©m veio a minha vontade que estava perdida de tambĂ©m fazer planos para o mundo. Hoje, por exemplo, eu faço parte da Enactus UFPA, que Ă© um projeto de extensĂŁo nacional, mas que tem um polo aqui, e a gente lida muito com esses planos do futuro, mexe muito com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, entĂŁo, sĂŁo vários projetos e nesses projetos a gente lida com várias áreas que vĂŁo desde a área ambiental, social, econĂ´mica. NĂłs atuamos com o empreendedorismo social voltado para a comunidade e isso tem muito a ver com o que eu quero para o futuro do Brasil, por exemplo. A gente costuma ter uma visĂŁo muito liberal do que Ă© o empreendedorismo, mas quando a gente faz esse recorte mais social, quando a gente traz ele para a comunidade, a gente percebe que ele Ă© fundamental. EntĂŁo, vamos falar sobre empreendedorismo social voltado para a comunidade, que gera emprego, que gera renda, que gera uma independĂŞncia financeira para essas pessoas. NĂŁo tem como a gente falar de planos para o futuro e de avanço, sem a gente dar a voz para as pessoas que estĂŁo nas comunidades.
Moisés Antônio, 21 anos, estudante de oceanografia.
Eu penso demais sobre o futuro, principalmente quando eu estou estudando. O que eu espero do futuro é um mundo melhor, que seja melhor organizado em algo que pode ser envolvido com o meu curso, que envolve mais essa parte ambiental. Nós ainda temos que avançar muito nessas preocupações ambientais. Inclusive, bem aqui, no Rio Guamá, a gente ainda vê muito lixo, por exemplo. As ações antrópicas (ações realizadas pelo homem) acabam prejudicando demais todo esse sistema, então, é importante ter mais conscientização. Ainda mais aqui na nossa região amazônica, que é gigantesca, mas infelizmente ainda não é muito valorizada a área da pesquisa aqui, mas a gente está na luta. Temos grandes pesquisadores, grandes professores e alunos muito dedicados a essa área também.
Isabela BrandĂŁo, 23 anos, estudante de economia.
Eu espero que, principalmente, a desigualdade econĂ´mica no Brasil diminua, que os jovens de periferia tenham cada vez mais oportunidade de ser alguĂ©m, de estudar, principalmente. É muito difĂcil vocĂŞ estudar e trabalhar ao mesmo tempo. O meu sonho, por exemplo, era sĂł estudar sĂł estudar porque estudar e trabalhar ao mesmo tempo Ă© muito complicado – eu saio de casa 5h30 e volto sĂł 21h30 por causa dessa rotina de trabalho e estudo -, entĂŁo, o meu desejo Ă© que essas pessoas que sĂŁo bons estudantes, bons pesquisadores, principalmente os que estĂŁo dentro das universidades consigam focar nos estudos, que o Brasil tambĂ©m invista mais em educação, em pesquisa, em ciĂŞncia porque sĂł assim ele vai conseguir passar de um paĂs agrĂcola, que sĂł exporta soja, carne e etc para um paĂs que tem tecnologia.
Por Cintia Magno / Diário do Pará