Rafael Rocha/ Diário do Pará – Em Belém, neste intenso verão amazônico, o Parque Zoobotânico Mangal das Garças inova nos cuidados com suas aves e oferece picolés de frutas e ovos gelados, um mimo saudável e eficaz para aliviar o calor e reduzir o estresse dos animais em espaços como a ilha das araras e o viveiro das aves.
Na tarde de ontem (22), araras e papagaios receberam picolés naturais feitos com banana, milho, maçã e água e os tucanos ganharam ovos gelados com casca. Todos os alimentos foram introduzidos gradualmente, respeitando a natureza das aves, com monitoramento da aceitação. Melancia e coco também fizeram parte da alimentação.
O biólogo do Mangal das Garças, Basílio Guerreiro, explica que há uma semana foi iniciada a disponibilidade dos alimentos congelados na nutrição das aves, como forma de adicionar elementos novos no ambiente, seja sensorial ou alimentar, o que é classificado pelo biólogo como “enriquecimento”. A alimentação congelada é oferecida às aves duas vezes por semana.
“Tudo isso é direcionado para diminuir o estresse do animal e melhorar a ambientação dele no espaço. Às vezes o animal está muito agitado e precisamos adicionar algo para dar uma distração, alguma coisa para ele aprender, como parte do enriquecimento cognitivo”, explica Basílio Guerreiro.
Desde 2019, o Mangal executa um programa de atividades destinado às aves para promover o enriquecimento, que é a introdução gradual de novos elementos na rotina dos animais. Basílio Guerreiro explica que com a chegada do verão, as atividades para as aves são realizadas conforme as temperaturas do dia. “Como fica muito quente aqui na região amazônica, então vimos a necessidade de oferecer um conforto térmico melhor para eles”.
Este conforto térmico é justamente feito por meio das frutas congeladas e picolés feitos com suco de frutas e água, o que permite que as aves se alimentem e se hidratem ao mesmo tempo. “Os animais conseguem driblar o calor dessa maneira e isso (as frutas congeladas) ainda estimula a curiosidade deles, o aprendizado e a interação entre as aves no mesmo espaço”.
As frutas são selecionadas de forma que sejam adequadas à alimentação de cada grupo de animal, sendo testadas anteriormente com as aves para saber quais têm aceitabilidade. Desta forma, as frutas congeladas são escolhidas de acordo com o gosto próprio de cada animal.
“O enriquecimento é discutido antes com a equipe técnica e vemos o que é adequado ou não. O enriquecimento não é só fazer a distribuição do alimento no espaço. Precisamos fazer a observação para ver como foi a interação desses animais com o alimento. Se o animal comeu ou não. Tudo é anotado para ver como é o padrão de comportamento da ave”, finaliza Basílio Guerreiro.
Soltura de quelônios reforça educação ambiental em Soure
Na área rural do município de Soure, no Arquipélago do Marajó, um momento de renovação e esperança marcou a manhã de moradores, visitantes e autoridades locais: a soltura de 21 filhotes de quelônios — 19 tartarugas-da-amazônia e dois tracajás. Eles foram devolvidos à natureza como parte da programação da Colônia de Férias realizada na comunidade do Tucumanduba e da Operação Verão 2025, executada pelo Governo do Pará.
A atividade foi coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), por meio da Gerência da Região Administrativa do Marajó (GRM) e do Escritório Regional do Marajó Oriental, em parceria com o Parque Zoobotânico Mangal das Garças e as secretarias municipais de Meio Ambiente e Promoção Social de Soure.
Os animais, criados em cativeiro sob os cuidados técnicos de profissionais do Mangal das Garças, em Belém, desde a postura dos ovos até o estágio juvenil, foram reintroduzidos em ambiente natural após atingirem a fase ideal para soltura. A ação, que representa um importante esforço de conservação da fauna amazônica, mobilizou a comunidade em torno do tema da proteção dos ecossistemas locais, em especial o público infantil.
Foram distribuídos materiais educativos e realizadas atividades lúdicas com as crianças, enfatizando o papel ecológico dos quelônios e os riscos que essas espécies enfrentam, como o tráfico ilegal e a destruição dos habitats aquáticos. “A soltura vai além da preservação direta das espécies: é uma ação que contribui para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos”, explicou o biólogo do Mangal das Garças, Basílio Guerreiro.
O sucesso da iniciativa reforça a importância de parcerias interinstitucionais e da participação social na proteção dos ecossistemas marajoaras. Para os moradores de Tucumanduba, a soltura dos quelônios foi mais que um evento de férias, simbolizando um reencontro com a natureza e uma lição de respeito à vida nos rios da Amazônia.
De acordo com o gerente da Região Administrativa do Marajó, Hugo Dias, a atividade teve entre seus principais objetivos integrar ações de educação ambiental à vivência prática, unindo conservação e cidadania. “É um gesto simbólico, mas com grande impacto para o território, porque mostra para as crianças, desde cedo, o valor de cuidar da natureza. A emoção dos moradores no momento da soltura mostra que estamos no caminho certo”, afirmou.
A gerente do Escritório Regional do Marajó Oriental do Ideflor-Bio, Osiane Barbosa, reforçou o caráter educativo da ação. “Trabalhar com as comunidades, levando conhecimento e promovendo experiências como essa, fortalece o vínculo das pessoas com o território e a biodiversidade. A sensibilização é o primeiro passo para a conservação de longo prazo”, disse Osiane Barbosa.
A atividade também se somou à estratégia estadual de conservação da fauna amazônica, dentro das ações integradas da Operação Verão 2025, que busca unir lazer, segurança e educação ambiental em diversos municípios do Estado. A colaboração com a Colônia de Férias de Soure demonstrou a importância do trabalho conjunto entre órgãos ambientais, instituições científicas e a gestão municipal.