Belém será um divisor de águas, diz diretora executiva da COP 30

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Em Belém para a abertura do Congresso Sustentável do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) 2025, iniciado ontem (1º), no Teatro Estação Gasômetro, a economista Ana Toni, que está diretora executiva da COP30, disse não ter dúvidas de que a realização da 30ª Conferência das Partes na capital paraense será um divisor de águas para a discussão ambiental. E acrescentou: o Brasil é um grande provedor de soluções climáticas, mas essa atuação precisa ganhar agilidade.

Ela recebeu o governador Helder Barbalho (MDB), que também compareceu à programação, e lembrou que eles se encontraram em Sharm El-Sheik, no Egito, para a COP27, em 2022, ocasião em que o ainda eleito presidente Lula (PT) anunciou o desejo de que o Brasil sediasse uma edição da Conferência. Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal e enviado especial da COP30 para os estados da Amazônia, também estava presente.

“Eu e o [presidente da COP30 e secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores] André Correa do Lago temos andado o mundo, o Brasil e toda vez que questionam Belém como sede, eu digo: vocês não sabem o que questionam. Belém vai fazer história na COP30, eu não tenho nenhuma dúvida. Tivemos um debate climático até aqui, e teremos outro a partir daqui”, enalteceu Ana.

A seguir, a diretora executiva lembrou que a convenção de clima nasceu no Rio de Janeiro, em 1992, e que além disso ainda houve o acordo de Paris em 2015, mas que é pouco reconhecido o tanto que a vida mudou por causa dessas tratativas.

A economista lembra que, até então não se falava em renovar. A revolução energética está ocorrendo na China, na Índia, no Brasil, nos Estados Unidos, de transporte com biocombustíveis, com energia elétrica, e o debate sobre agricultura mudou completamente.

“Agora se fala em agricultura regenerativa. Isso aconteceu em um espaço curto de tempo, e veio muito de cima para baixo porque começamos a entender as consequências da mudança do clima, que a gente pensou que ia ser ‘do futuro’, para as novas gerações. Mas ela chegou muito mais rápido do que a gente imaginou”, ponderou.

Ela lembrou que altas temperaturas hoje atingem Espanha, Portugal, França, e em paralelo o Rio Grande do Sul voltou a enfrentar enchentes de novo, e a Amazônia enfrenta incêndios.

Isso, para Ana, que é ex-presidente do Conselho de Administração do Greenpeace, delimita um marco que terá a COP30 como símbolo: as mudanças começaram através da ciência mostrando quais seriam essas consequências, de cima para baixo. Só que a geopolítica não está ajudando.

“As consequências e o motor de mudança não virá mais de cima para baixo, de negociações internacionais que estão cada vez mais difíceis”, anunciou.

No entendimento da CEO da COP30, a mudança agora vem de baixo para cima. Das empresas, dos consumidores, das populações indígenas, populações tradicionais, dos governadores, prefeitos. “A mudança está um pouco nas nossas mãos. E é nesse intuito que a COP30 se coloca como uma COP não só de implementação, mas de aceleração dessa implementação. Já começou. A gente precisa acelerar essa mudança e dar escala a essa mudança. E esse tema, escala, é um dos mais difíceis do Brasil”, avaliou.

Pará quer ser farol para políticas ambientais e climáticas

Por mais de uma vez, Ana Toni frisou que o Brasil é totalmente um provedor de soluções climáticas. Nas áreas de agricultura, energia, floresta, somos provedores de solução climática. Mas nosso desafio é ser provedor de soluções climáticas com escala, e acelerando porque ainda falta muito a implementar.

“Uma coisa que está ficando mais óbvia agora para o Brasil, e creio que a COP30 vai ajudar a consolidar isso, principalmente sendo no Pará, que é nossa vocação socioambiental de provedor de soluções climáticas. Brasileiros ainda não vestiram essa camisa. Isso é o que vai fazer a diferença. Essa é nossa vocação. Com todos os desafios, erros e acertos. Só vivenciando vamos conseguir falar para os outros”, encerrou.

Em seu momento de fala, o governador do Pará corroborou a defesa de Ana Toni, e garantiu que o estado está construindo políticas públicas e se apresentando ao Brasil como um exemplo para a implementação de políticas ambientais no país.

“É fundamental que nós possamos construir um ambiente de convergência daquilo que a iniciativa privada enxerga como oportunidade, e o poder público construindo um ambiente que traga segurança jurídica e a indução para esta atividade. É muito importante a mobilização da iniciativa privada na construção de um novo modelo econômico que valorize os ativos florestais, que possa desenvolver a nossa biodiversidade e as riquezas da Amazônia”, afirmou Helder.

O chefe do Executivo paraense destacou a estratégia do Governo do Pará de restauro de áreas, já colocando a primeira concessão pública de restauro para o mercado – e reforço que serão feitas mais duas concessões ainda no ano de 2025.

O governador também aproveitou para reforçar que durante a agenda do carbono, o Estado já fez a primeira grande comercialização e que segue realizando as escutas junto às comunidades tradicionais para a repartição do uso desses recursos.

“Nós estamos nos apresentando ao Brasil como um Estado que já constrói as suas bases para, inclusive, a partir do exemplo do estado do Pará, nós possamos ser um farol para repercussão em outros estados do Brasil e claro, como uma política nacional”, complementou Helder Barbalho.

Realizado bianualmente há 22 anos, o Congresso Sustentável é, conforme a sua organização, parte da estratégia pioneira do CEBDS para acelerar a transição para um modelo de desenvolvimento baseado em uma economia neutra em carbono, equitativa e positiva para a natureza.

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