Bosque Rodrigues Alves: um fragmento de floresta nativa no meio de Belém

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Irlaine Nóbrega/Diário do Pará: Situado na avenida Almirante Barroso, o Bosque Rodrigues Alves vai muito além de um ponto turístico de Belém. O espaço desempenha papel importante na preservação e conservação de espécies nativas da fauna e flora amazônicas, marcadas, no geral, por um ecossistema único com vegetais de grande porte. Ao longo de 150 mil metros quadrados, o espaço também é a representação de uma “Belém original” que recebe cerca de 20 mil visitantes por mês.

O Jardim Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves é considerado um fragmento da floresta nativa, resistindo às mudanças urbanas de Belém. Nos seus 15 hectares, o Bosque preserva uma vegetação ombrófila densa e bastante úmida, caracterizada pelo ecossistema de terra firme composto por árvores de grande porte. É o abrigo de mais de 10 mil vegetais, divididos entre 332 espécies, 194 gêneros e 50 famílias botânicas, de acordo com o último Censo de 2014. São 92% de espécies nativas e 8% de espécies exóticas, dispostas em 80% de área verde.

“É uma floresta em pé no centro de Belém que hoje a gente considera muito importante porque vivemos as mudanças climáticas. A gente sabe que a arborização, espaços verdes, são fundamentais para a questão da absorção do carbono. Então, o equilíbrio do clima propicia a melhoria na temperatura, na qualidade do ar, no bem-estar da população. A manutenção do Bosque é primordial para que a gente consiga atingir esse equilíbrio”, afirma a secretária municipal de Meio Ambiente, Juliana Nobre.

De acordo com o biólogo do Jardim Botânico, Tavison Guimarães, o espaço é um dos únicos da capital que ainda carrega as características da biodiversidade de uma Belém antiga, onde não havia urbanização e a cidade se restringia aos que hoje conhecemos como centro. Preservada após intensas mudanças urbanas, a área desempenha um papel fundamental na conservação de espécies da fauna e flora centenárias e que vem se reproduzindo ao longo de mais de 400 anos.

“O Bosque é a Belém original. Antes de ter civilização e a malha urbana invadir a cidade, Belém era essa floresta que ainda temos no Bosque. Os animais que estão aqui dentro estão se reproduzindo há várias gerações. Então, o Bosque tem uma grande importância para manter as espécies da fauna e da flora aqui dentro se reproduzindo. Manter o Bosque em pé, vivo é de suma importância para o clima da cidade”, revelou o biólogo.

Entre os exemplares do acervo florístico, a maçaranduba é a espécie mais antiga existente no Bosque Rodrigues Alves, com aproximadamente 600 anos. Já a mais alta é o Tauari com 48 metros de comprimento, enquanto o Louro Vermelho tem o maior diâmetro (6 metros). Além destas, outras árvores nativas tem suas raízes fincadas na área verde, como é o caso do Cedro, Angelim, Acapu e o Cumaru, que também são espécies em extinção.

Em relação à fauna, estima-se que o Bosque Rodrigues Alves abriga entre 400 e 500 espécimes, divididas em cerca de 40 espécies regionais, entre elas répteis, aves, mamíferos, e peixes. Os animais são divididos em três grupos: os de cativeiro (restrito dentro dos recintos); semi-liberdade (que estão soltos, mas restrito aos muros do Bosque); e os de vida livre, que apenas visitam o local, como as aves.

“O Bosque serve também com berçário para algumas espécies. Só no grupo dos répteis, por exemplo, o espaço é lar para iguanas, tartarugas da Amazônia, tracajá, perema, muçuã, mas também temos outros animais, como o macaco de cheiro, cotia e paca. Alguns animais vêm para cá reproduzir e depois vão embora, como é o caso das aves. Então, esse espaço desempenha um papel muito importante para o ecossistema de Belém, é uma das poucas áreas verdes dentro dessa floresta de concreto que é a cidade”, disse Tavison Guimarães, biólogo.

Por fim, o Bosque Rodrigues Alves ainda propicia uma relação cooperativa entre plantas e animais. Assim como se reproduzem no espaço, as aves também são responsáveis por “espalhar” as sementes das árvores nativas para outras localidades. “Quando uma ave se alimenta, ela engole também a semente. Quando ela vai defecar, ela dispersa a semente em outros lugares. Isso pode ser considerado um banco natural de semente”, explica o biólogo Tavison.

PRESERVAÇÃO

Atualmente, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) está realizando uma intervenção no espaço visando a sua manutenção. Em um último levantamento, 35 árvores apresentaram risco de queda. Por isso, a secretaria está intensificando os trabalhos com o objetivo de realizar 18 podas de equilíbrio e 3 supressões em vegetais situados nas laterais do espaço, evitando quedas.

“A manutenção do Bosque é primordial para que a gente consiga atingir esse equilíbrio do clima para a cidade. A manutenção exige muitos esforços. Nós estamos desenvolvendo um projeto para que a gente mantenha a biodiversidade deste ecossistema. Nós recebemos cerca de 20 mil visitantes por mês, então estamos fazendo um trabalho de poda dentro do Bosque, um trabalho preventivo. Tinham muitas árvores com risco de queda, então a gente está fazendo um trabalho intenso nesse sentido”, finaliza Juliana Nobre.

O Bosque:

  • Área: 15 hectares
  • Tipo de vegetação: ombrófila densa caracterizada pela elevada umidade e alta densidade de espécies;
  • Acervo florístico: 10289 indivíduos, dividido entre 332 espécies, 194 gêneros e 50 famílias botânicas;
  • 92% de espécies nativas e 8% de espécies exóticas;
  • 80% de área verde e 20% área edificada.;
  • Espécie mais alta: Tauari (48 metros);
  • Espécie de maior diâmetro: Louro vermelho (6 metros);
  • Espécies ameaçadas de extinção: cedro, angelim, acapu, maçaranduba; cumaru.;
  • Árvore mais antiga: maçaranduba (aproximadamente 600 anos).

VISITAÇÃO

  • Dias: terça a domingo
  • Horário: 8h às 16h
  • Entrada: R$2 (inteira); R$1 (meia entrada)
  • Gratuidade: Idoso e crianças até 6 anos
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