Agência Brasil – O governo federal e organizações indígenas anunciaram nesta quinta-feira (10) a criação de uma Comissão Internacional Indígena para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém. O lançamento ocorreu durante um ato no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília.O evento, que é a maior manifestação anual indígena do país, completou 21 edições este ano.
Esta comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e composta pelas entidades:
- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
- Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga)
- G9 da Amazônia Indígena
- Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC)
- Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas sobre Assuntos Indígenas
- Caucus Indígena, uma articulação internacional de movimentos de povos originários.
“Nós sempre lutamos para que os povos indígenas estivessem no centro desse debate. E nós lutamos para que os povos indígenas estejam como parte importante dessa discussão porque, comprovadamente, os territórios indígenas funcionam como essa barreira contra o avanço das monoculturas, mineração e agronegócio”, destacou Guajajara.
Kléber Karipuna, um dos coordenadores-executivos da Apib, disse que a expectativa do movimento é reunir mais de 3 mil indígenas durante a COP30 em Belém, evento em que são esperadas, ao todo, mais de 50 mil pessoas.
“A solução para o enfrentamento da crise climática é a demarcação dos nossos territórios, a preservação da biodiversidade dos nossos territórios. Isso tem que sair do papel e ir para a prática”, reforçou Kléber Karipuna, um dos coordenadores-executivos da Apib.
Círculo dos Povos
A Comissão Internacional Indígena fará parte do chamado Círculo dos Povos, uma inovação da presidência brasileira da COP30, para ampliar o protagonismo da sociedade civil e dos movimentos sociais nas discussões e negociações das metas durante a conferência.
“O Círculo dos Povos é fundamental para ter uma ligação direta entre a presidência da COP e os povos indígenas”, destacou Ana Toni, diretora-executiva da COP30 e secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Além do Círculo dos Povos, haverá outros três grupos de incidência, além dos próprios representantes e negociadores enviados pelos países. Um deles será liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, com participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
O outro círculo será composto por ministros de finanças dos diferentes países participantes, sob liderança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e um um quarto círculo será composto por ex-presidentes de edições anteriores da COP.
Texto: Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil