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Localizada em uma das regiões de mais antigo registro da história da civilização humana no mundo, a República do Azerbaijão será a sede da 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29). A partir da próxima segunda-feira (11) até o dia 22 de novembro, chefes de estado, pesquisadores e representantes da sociedade civil de todo o mundo se farão presentes na capital Baku para acompanhar os esforços de negociação em torno da busca de soluções para a crise climática. Mais do que isso, tais visitantes também poderão conhecer um pouco mais do país situado à beira do Mar Cáucaso.

Ainda que, geograficamente, o Azerbaijão esteja localizado entre a Europa e a Ásia, a professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará (PPGEO/UFPA), Olga Lúcia Castreghini de Freitas, lembra que na classificação adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Azerbaijão é pertencente à Europa Oriental. E apesar de sua história como um país independente ser relativamente recente, o Azerbaijão está localizado em uma região em que foram registradas as primeiras cidades da história. “A gente tem registros de que as primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia, que é muito perto da região onde está o Azerbaijão. Então, a despeito de ele ser um país constituído há não muito tempo, ele tem uma história muito antiga”, destaca a professora. “Na verdade, essa era uma característica de vários países que faziam parte da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e que depois, ali pelos anos 1989 e 1990, com a própria dissolução da União Soviética, readquiriram a sua independência”.

Ao longo de sua história, o território do que hoje se compreende como o Azerbaijão já passou por diferentes domínios, entre eles o persa e romano, o otomano e o soviético. A integração ao que foi a antiga União Soviética se deu ainda em 1920 e a sua independência veio apenas sete décadas depois, em 1991. A partir de então, o país passou a adotar uma forma constitucional de governo, com poderes Executivo, Legislativo e Judiciário independentes.

“Eu costumo dizer que quando o Brasil entrou na história, com a colonização portuguesa, esses países já tinham uma história imensamente longa de lutas, de conquistas, de perda e ganho de território, culturalmente falando também. Então, a gente entrou ontem na história e esse país, especificamente o Azerbaijão, está em um lugar que a gente pode chamar que é o berço da civilização”, ressalta a professora.

Toda essa trajetória resultou em uma cultura única no mundo e que se reflete também no cenário da capital azerbaijana, Baku. Reunindo pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, Baku é uma cidade litorânea, portuária e está localizada às margens do Mar Cáspio. A professora Olga destaca que a latitude de Baku se aproxima da registrada em Lisboa, em Portugal, embora o clima não seja o mesmo, já que em decorrência de outras influências Baku costuma apresentar um inverno rigoroso. Uma realidade diferente não apenas de Lisboa, mas sobretudo das cidades brasileiras. “Se você fizer uma observação de cima de Baku você vai ver que predominam alguns prédios muito modernos, uma marca do investimento dessas nações que têm no petróleo a sua fonte de renda”.

País membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep +), o Azerbaijão tem uma economia fortemente ligada à exportação do petróleo e do gás natural. Na página oficial da COP29, porém, a presidência da conferência dá destaque à adoção de iniciativas de transição energética pelo país, com foco em projetos de geração de energia eólica, hídrica, solar e de hidrogênio verde.

POLÍTICA

No que se refere à política externa, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil pontua que “o Azerbaijão é o maior parceiro comercial do Brasil entre os países do Sul do Cáucaso, e o Brasil, o principal parceiro do Azerbaijão na América Latina”. O Brasil, inclusive, foi um dos primeiros países a reconhecer a independência do Azerbaijão em 1991.

A professora do curso de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e coordenadora do Observatório da COP na Amazônia, Mayane Bento, reforça que o Azerbaijão é um país laico e que busca fazer uma política externa mais equilibrada. “A relação com o Brasil se inicia principalmente após a desintegração da União Soviética. O Brasil tem uma relação de bastante interesse comercial e também cultural e educacional com o Azerbaijão. São essas duas áreas que eles mais se relacionam”, explica. “Na década de 90 foi quando iniciaram as relações diplomáticas entre os dois países. Em 2006, uma curiosidade interessante é que o Azerbaijão, dentro daquela dinâmica de globalização chinesa e de importação que impulsionou o crescimento em países em desenvolvimento tal qual o Brasil, o Azerbaijão cresceu aproximadamente 34% a 36% só em 2006”.

A professora aponta que o Azerbaijão foi o país que mais cresceu no mundo em função da exportação de gás natural e petróleo e, diante deste cenário, o Brasil demonstrou interesse e os dois países firmaram acordos comerciais para fornecimento de gás natural e petróleo. “A primeira Embaixada do Brasil foi implementada no Azerbaijão em 2009 e a gente tem também alguns símbolos desse processo de cooperação que é, por exemplo, uma escola municipal no Rio de Janeiro que se chama Escola Municipal Azerbaijão, que é para selar essa parceria educacional em que se faz esse intercâmbio entre estudante brasileiros e estudantes azeris, quando eles podem fazer essa migração para estudar em cada um desses países”.

Durante as próximas duas semanas, o Estádio Olímpico de Baku será o palco para as negociações e demais atividades da 29ª Conferência do Clima da ONU. O complexo de mais de 60 metros de altura, o equivalente a um prédio de apartamentos de mais de 20 andares, pode acomodar cerca de 70 mil pessoas e em 2017 chegou a ser premiado pelo Congresso Mundial de Estádios como o “melhor novo estádio do mundo”.

Tendo sua construção concluída em 2015, o estádio se destaca pela arquitetura moderna muito presente em Baku. Além da forma de anel, a construção chama a atenção pelo teto retrátil e pela iluminação que se torna colorida à noite. Além de complexo poliesportivo, o estádio também costuma receber conferências, seminários, concertos e eventos corporativos.

Números

10,3 milhões de habitantes

É a população do Azerbaijão segundo levantamento realizado em 2022. Em comparação com o contexto brasileiro, o país possui uma população menor do que a cidade mais populosa do Brasil, São Paulo, cuja população é de 11,4 milhões de habitantes, de acordo com o último Censo do IBGE (2022).

91,6% da população do Azerbaijão é azeri

RELIGIÃO

A maioria da população do Azerbaijão é Islâmica, porém, o código de vestimenta muçulmana não é exigido no país. Além dos muçulmanos, o país também abriga adeptos de várias outras religiões, como o cristianismo, judaísmo, hinduísmo, zoroastrismo.

GEOGRAFIA

Representando cerca de 60% do território do Azerbaijão, as montanhas do Cáucaso fazem parte de um sistema maior que se estende da Europa à Ásia, conformando limite natural entre esses continentes. A precipitação de neve e chuva nas montanhas do Cáucaso é fonte de grande parte da água potável da região.

Fonte: Com informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e IBGE.

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