Valor Econômico – Cerca de 200 países devem participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA). O evento mobiliza lideranças globais e é um espaço de negociações e compromissos para nações e companhias engajadas na agenda climática. Esta edição, além de reforçar o papel do Brasil como um dos protagonistas no debate climático, poderá ampliar o espaço para articulações institucionais e oportunidades de negócio.
“O fato de o Brasil sediar essa discussão, especialmente em um ano de revisão das NDCs [Contribuições Nacionalmente Determinadas] e de balanço das metas da Agenda 2030, é algo simbólico e potencialmente um ganho importante em termos de posicionamento internacional”, afirma Danilo Maeda, diretor-geral da Beon, que avalia que o país “tem uma economia relevante e conta com matriz energética significativamente mais limpa do que a média das grandes economias globais”.
Tão relevantes quanto as decisões geopolíticas tomadas são as conexões construídas nos bastidores. A estimativa do governo federal é que o encontro reúna entre 30 mil e 50 mil pessoas na capital paraense, incluindo representantes do setor privado, de organismos multilaterais e da sociedade civil. Nesse contexto, as empresas, indispensáveis para a implementação das metas de transição ecológica, têm a oportunidade de ampliar a visibilidade de suas ações.
“As grandes corporações, inclusive com atuação no Brasil, estão convencidas da necessidade reputacional de ocupar esse espaço, de apresentar o que têm feito e os resultados obtidos em suas ações de sustentabilidade. É, portanto, um momento estratégico para fortalecer redes de relacionamento”, analisa Helena Mader, diretora da Seta, empresa da FSB Holding especializada em relações institucionais e governamentais.
Novos acordos
A dimensão da conferência impõe também um movimento interno nas corporações, que passam a revisar ações e identificar iniciativas com aderência à agenda climática. Esse processo é impulsionado pela presença de investidores em busca de projetos alinhados à pauta ambiental e pela possibilidade de firmar parcerias ou contratos.
Numa perspectiva mais pragmática, Maeda destaca que há oportunidades para organizações que oferecem produtos ou serviços voltados à descarbonização de cadeias. “Na Beon, nós temos clientes com iniciativas interessantes, como insumos que reduzem emissões na cadeia agropecuária. Se, por exemplo, uma empresa com esse tipo de ação conseguir estabelecer previamente uma agenda de relacionamento com potenciais clientes, poderá capturar oportunidades de negócio durante a COP 30.”
Atuação coordenada
Para iniciar bons negócios, as companhias precisam estar preparadas. Isso inclui desenvolver uma análise estratégica do modelo de parceria, com mapeamento e classificação de riscos socioambientais, além da implementação efetiva de práticas ESG.
“Para celebrar novos acordos, é necessário se preparar tecnicamente. E nosso papel na Beon é justamente fazer essa análise, organizar os discursos e a argumentação da organização para que ela consiga estar nessas conversas numa posição que não represente risco, mas, sim, oportunidade”, explica Maeda.
“A empresa que conseguir alinhar competência e posicionamento estratégico vai marcar presença não só na COP, mas também na imprensa e nos bastidores das decisões. Algumas ainda podem contribuir com soluções concretas para os desafios globais”, finaliza Helena.