Crédito de Descarbonização deve atrair novos investidores em ano de COP30

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Os créditos de descarbonização (CBIOs) estão se popularizando e atraindo o interesse de novos investidores. Já conhecidos no agronegócio e no setor de combustíveis, esses ativos apresentam boas perspectivas para 2025, impulsionados por projeções de valorização e pelo crescente interesse de assessorias financeiras. O desequilíbrio entre oferta e demanda deve resultar em aumento dos preços, o que tende a chamar a atenção de investidores, inclusive os menos familiarizados com o mercado.

O crescente debate sobre sustentabilidade e ativos “verdes” também deve fortalecer o CBIO ao longo do ano. A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (Pará), deve intensificar as discussões sobre o tema e ampliar a visibilidade desses créditos.

Histórico e Funcionamento

Criados no âmbito da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) por meio da Lei 13.576/2017, os CBIOs correspondem a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) evitado. Esses créditos são emitidos por produtores de combustíveis renováveis, como etanol, biodiesel e biometano, e devem ser adquiridos obrigatoriamente por distribuidoras de combustíveis fósseis, em um mecanismo de compensação de emissões.

Para 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabeleceu a obrigatoriedade de aquisição de 40,39 milhões de CBIOs pelas distribuidoras. A meta é acompanhada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em 2024, das 163 distribuidoras obrigadas a cumprir a meta, 97 atingiram integralmente o objetivo, enquanto 61 não cumpriram e serão autuadas.

Oferta e Demanda

De acordo com Antonio Pontes, sócio da The Hill Capital, a oferta de CBIOs em 2025 deve ser inferior à demanda, o que pode resultar em aumento dos preços. Enquanto a meta do CNPE é de 40,39 milhões de CBIOs, a projeção de emissões está estimada em 40 milhões. Um levantamento do Itaú BBA de dezembro de 2024 indicou que a oferta deve chegar a 40,2 milhões.

A The Hill Capital, vinculada ao BTG Pactual, atua tanto na emissão quanto na venda de CBIOs. Pontes destaca que grandes empresas, com faturamento anual em torno de R$ 1 bilhão, possuem metas de aquisição que podem chegar a 150 mil unidades de CBIOs, o equivalente a R$ 12 milhões. Apesar de a compra ainda ser realizada de forma pontual, há incentivo para aquisições recorrentes, visando a um preço médio.

A B3 é responsável pelo registro, negociação e solicitação de aposentadoria dos CBIOs. Segundo Leonardo Betanho, superintendente de Produtos de Balcão da B3, a integração com o sistema da ANP trouxe avanços na gestão dos créditos. Para 2025, o foco estará na eletronificação do produto, visando maior agilidade nas transações.

Em 2024, a emissão de CBIOs atingiu 42,5 milhões de unidades, um crescimento de 18% em relação a 2023. No entanto, o volume financeiro movimentado foi de R$ 7,8 bilhões, representando uma queda de 13% em relação ao ano anterior.

Investidores Pessoa Física

A B3 permite que investidores pessoa física adquiram CBIOs, mas não divulgou dados sobre a participação desse público no mercado. Para incentivar a adesão, foi lançado em 2022 o Índice ICBIO B3, que consolida informações sobre os preços médios de negociação do crédito.

Betanho explica que, até o momento, não foram criados derivativos ou fundos de índice (ETF) com base no ICBIO, mas a B3 continua estudando alternativas para viabilizar novos produtos financeiros ligados aos CBIOs. A regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da regra 175, permite que fundos de investimento apliquem até 10% do patrimônio líquido nesses ativos, abrindo caminho para maior adesão do mercado.

Com um ambiente favorável à expansão e cada vez mais atrativo para investidores, o mercado de CBIOs se consolida como uma alternativa sustentável e promissora para o futuro.

Com informações de UOL 

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