Depois de três dias de debates, a 3ª Reunião do Grupo de Trabalho de Pesquisa e Inovação do G20 se encerrou, nesta sexta-feira (24), em Recife (PE). O principal legado do evento foi uma proposta para criação de um edital internacional de pesquisa sobre a Amazônia e as florestas tropicais. Os delegados do fórum também avançaram na consolidação de uma Estratégia de Inovação Aberta e de uma Plataforma de Inclusão e Diversidade.
“Nós avançamos em todas as entregas que a Presidência brasileira do G20 estava propondo, entendendo que a inovação aberta e a cooperação são os caminhos que nós temos para superar as grandes questões deste século, como as mudanças climáticas e as pandemias. São produtos concretos que serão entregues aos ministros do G20, para que façam uso dessas informações para as suas ações governamentais de futuro”, disse o chefe da delegação brasileira no GT e secretário substituto de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes.
Com o tema “Inovação Aberta para um Desenvolvimento Justo e Sustentável”, o encontro reuniu 130 participantes de cerca de 40 delegações, em discussões sobre o papel da cooperação internacional como instrumento para reduzir desigualdades e assimetrias no acesso e produção da ciência, tecnologia e inovação, para garantir o direito ao desenvolvimento e para responder a desafios globais.
Nesse sentido, o GT – que é coordenado pelo MCTI – se debruçou na construção do plano de Inovação Aberta, com a definição de conceitos, estratégias, instrumentos e ações a serem implementadas pelos países, na direção de aprofundar a disseminação, transferência e difusão de conhecimento e tecnologia.
“O debate sobre inovação aberta é sobre como a gente faz um novo paradigma de desenvolvimento. Temos vivido um momento em que países têm se voltado mais para cooperação internacional por causa de questões geopolíticas, mas, ao mesmo tempo, temos desafios globais que vão continuar e só serão resolvidos com cooperação internacional. E a solução só vai vir por meio de Ciência, Tecnologia e Inovação”, afirmou o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MCTI, Carlos Matsumoto.
O GT também tem construído consenso em torno do lançamento de uma chamada pública internacional, em parceria com o Belmont Forum, com o objetivo de financiar projetos de pesquisa e inovação em três eixos: redução do desmatamento, desenvolvimento sustentável e economia local; ciência para o clima; e justiça e governança ambiental. A proposta é que o edital seja lançado em junho, em evento a ser realizado na Finlândia.
“O G20 representa 80% da economia global. Os países que estão aqui têm condições privilegiadas de fazer contribuições relevantes em pesquisa e inovação nesses biomas, então estamos agregando aqueles que têm o objetivo comum de produzir conhecimento científico e inovação sobre florestas tropicais”, explicou Matsumoto.
Os delegados também avançaram na elaboração de uma Plataforma de Inclusão e Diversidade, com informações, indicadores e dados de políticas públicas para diversidade e inclusão na Ciência, Tecnologia e Inovação. A ideia é sistematizar e agregar dados, com recortes de gênero, raça, orientação sexual, classe social, entre outros, na busca de construir um ambiente de maior equidade nessa área.
A reunião do GT também discutiu a criação de um processo facilitador para que os países possam catalogar a sua biodiversidade, fortalecendo o compartilhamento de dados científicos sobre fauna e flora. Outro tema que avançou no encontro foi uma cooperação com a Agência Internacional de Energia para o desenvolvimento de uma plataforma com indicadores de novas tecnologias para a transição energética e a descarbonização.
“Mais do que a possibilidade de desenvolver ferramentas para tomadores de decisão dos países do G20 a contribuição do nosso Grupo de Trabalho representará também um avanço para todos os indivíduos deste planeta e para todas as espécies que nele habitam”, avaliou Osvaldo Moraes.
A reunião foi o primeiro evento do G20 no Brasil que aconteceu fora de Brasília. A escolha de Recife como anfitrião ocorreu pelo fato da cidade ser hoje um dos principais polos de tecnologia e inovação do Brasil, o que permitiu às delegações conhecerem um pouco mais sobre o país e suas capacidades. O próximo encontro do GT acontecerá em setembro deste ano, em Manaus, capital do Amazonas.
Com informações do MCTI