Helder: países ricos devem pagar por serviços ambientais

- Publicidade -

Everton Lopes Batista/ Folhapress – O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) disse ontem (11) que os países ricos devem pagar por serviços ambientais prestados pela manutenção das florestas em países em desenvolvimento, caso do Brasil.

“O que está na mesa de debate é um modelo para os países do Sul Global, [como os da] América Latina e parte da África, que têm floresta tropical. O Norte Global quer imputar a nós apenas a responsabilidade da preservação das florestas e não quer pagar por isso”, disse Barbalho.

Para Barbalho, os países desenvolvidos, principais responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas, devem pagar pela compensação gerada nos países em desenvolvimento. “Que eles financiem o nosso desenvolvimento, agregando valor às florestas, ao ativo e ao estoque florestal que o Brasil possui”, afirmou.

“Se não tiver financiamento climático e empregos verdes para a população, vamos viver um conflito entre a agenda ambiental e a social. Só vamos vencer essa jornada quando a floresta viva valer mais do que a floresta morta”, afirmou.

“Nós não queremos que gringo vá para lá para apontar o dedo. Nós queremos que o gringo venha junto com a gente, patrocinar e financiar a transformação a partir da floresta”, completou.

O governador do Pará fez as declarações durante a sessão de abertura do segundo dia da Febraban Tech, evento de tecnologia promovido pela Federação Brasileira de Bancos, que acontece até esta quinta-feira (12).

Legado

Segundo Barbalho, o financiamento feito pelos países ricos seria um legado ambiental amplo da COP30, a 30ª conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que acontece em Belém, em novembro.

Entre as decisões registradas na COP29, realizada em 2024 em Baku, no Azerbaijão, está a criação do objetivo de atingir um financiamento voltado aos países em desenvolvimento para ação climática que chegue a, pelo menos, US$ 1,3 trilhão (cerca de R$ 7,2 trilhões) por ano até 2035. Agora, espera-se que a COP30 avance em mecanismos para viabilizar este aporte.

“Esta deve ser a COP da implementação, com menos discurso, menos assinatura de termos de compromisso, e mais ação das maiores potências para garantir que o mundo possa se equilibrar diante das demandas econômicas e das urgências ambientais”, disse Barbalho.

O legado local, para a cidade de Belém, seria a transformação promovida pelas dezenas de obras em mobilidade e saneamento espalhadas pela cidade, disse o governador. Mas, para ele, há preconceito com relação à realização de um evento global acontecer na amazônia. “Quando abro os jornais aqui em São Paulo, todo dia estão falando que Belém não tem saneamento. Eu pergunto, o bairro do Paraisópolis está 100% saneado? Ou tem problema também como tem lá no Pará? Este é um problema de todas as regiões do Brasil e da América Latina”, declarou.

“Quem acha que, por sermos da Amazônia, vamos fazer feio, vai quebrar a cara. Vamos fazer bonito, vamos fazer do nosso jeito, da forma humilde dos povos da amazônia.”

“Meio ambiente está batendo na nossa porta”

De acordo com Luiz Lessa, presidente do Banco da Amazônia, que também participou do painel, a COP30 deve fazer uma discussão madura sobre a amazônia, voltando o olhar para além dos problemas ambientais da região.

Segundo Lessa, cerca de 70% da população da amazônia vive em cidades. “Temos problemas de cidades. Problemas de saneamento, de mobilidade e transporte, além dos problemas ambientais”, disse.

Deve haver, ainda, uma discussão sobre a qualidade de vida e a manutenção das tradições dos povos da floresta, como ribeirinhos e quilombolas. “O ribeirinho precisa manter seu modo de vida, mas também precisa de internet e energia elétrica. Precisamos tratar da transição energética, levar uma matriz limpa para a região”, afirmou.

Barbalho lembrou que, embora a população da amazônia possa ser a mais impactada pelas mudanças climáticas, os efeitos dessas transformações afetam cada vez mais a população de outros lugares. Ele citou as recentes queimadas no pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, como exemplos de perturbações do clima.

“O meio ambiente está batendo na nossa porta e dizendo: ‘preste atenção no que vocês estão fazendo’. Cuidar do meio ambiente não é romantismo ou algo que cabe apenas a cientistas, não é bem assim. O que acontece na amazônia repercute no clima aqui em São Paulo, com chuvas, calor, seca e assim por diante”, concluiu.

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Conteúdo Relacionado

DOL
DOLhttps://dol.com.br/?d=1
Site especializado do portal DOL com notícias, reportagens especiais e informações sobre a COP 30, maior evento climático do mundo, que será realizado em Belém, em 2025, além de temas relacionados, como Amazônia, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.