Poder 360 – Economista por formação e ambientalista por opção, Ana Toni diz que as mulheres têm uma capacidade maior de pensar no bem comum. “Não que seja um monopólio feminino, mas elas têm uma sensibilidade em relação a temas da comunidade, que ajuda a pensar em questões como mudança do clima. Quando olhamos para essa temática, vemos muitas mulheres”, declarou a diretora-executiva da COP30, em entrevista ao Poder360.
Ana atua há 34 anos com a temática ambiental, com ênfase em pautas ligadas às mudanças climáticas. Em março de 2023, passou a ocupar o cargo de secretária nacional de mudança do clima do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), porém deixará a função em breve para se dedicar de forma exclusiva à organização da COP30.
Na secretaria, Ana tem como missão desenvolver políticas voltadas à descarbonização da economia, ao desenvolvimento socioeconômico sustentável, à transição energética e à adaptação de cidades para resistir às consequências das mudanças climáticas.
Diferente do pensamento defendido pela diretora-executiva sobre a importância da presença feminina na Conferência, as mulheres são minoria em posições de liderança nas COPs. Na história da Conferência do Clima, menos de 20% dos ocupantes da presidência são mulheres.
Do total de 31 líderes, apenas 5 são do gênero feminino, segundo informações do UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).
Em geral, o país anfitrião de cada edição da COP propõe um nome para presidir o evento. Depois, essa nomeação passa por uma aprovação dos participantes da Conferência.
Dentre os integrantes da UNFCCC, elas também são minoria, 42%. Para participar do grupo de integrantes da Convenção, ocorrem eleições ou nomeações baseadas em escolhas de grupos regionais das Nações Unidas.
Já entre os secretários-executivos da ONU (Organização das Nações Unidas), a situação é mais equilibrada: desde a 1ª edição, 4 homens e 3 mulheres ocuparam o cargo.
SITUAÇÃO NA COP30
A COP30 é um dos eventos mais importantes para o Brasil em 2025, e, para o mundo, deverá formalizar definições ambientais para guiar decisões político-econômicas que causam impactos a nível global.
Responsável pela coordenação estratégica do evento, em conjunto ao presidente André Corrêa do Lago, Ana diz que precisa “fazer acontecer’’ a Conferência. Ela articula com o restante da equipe os objetivos centrais do evento. Juntos, os dois atuam há dois anos, com participações nas COPs 28 e 29.
“Cada diretor-executivo, em cada COP, tem suas peculiaridades. Muitas das nossas personalidades acabam influenciando o tipo de direção que a Conferência tem”, afirma Ana.
Em sua gestão, a diretora-executiva afirma que atua trabalhando de forma colaborativa e cooperativa com o restante da equipe –características que Ana atribui a lideranças femininas.
Com o intuito de estimular a contribuição feminina no evento, a economista afirma que a equipe da COP30 contará com “muitas” mulheres. Apesar de ainda não estar com a estrutura finalizada, alguns nomes do grupo já estão definidos, como é o caso da assessora extraordinária, Alice Vogas, e da gerente de projeto, Bruna Cerqueira.
TEMAS DE DESTAQUE
Na 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, as temáticas de transição energética e adaptação de cidades para eventos climáticos extremos ganharão destaque especial, segundo a economista. Além desses pontos centrais, na COP30 haverá espaço para discussões sobre reflorestamento, preservação de florestas, preservação dos oceanos e produção agrícola.