Diário do Pará – A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) anunciou, nesta terça-feira (12), na COP 29, realizada em Baku, Azerbaijão, um ambicioso plano de descarbonização voltado ao setor elétrico do Estado. O objetivo é desativar 14 usinas termelétricas movidas a óleo diesel, visando reduzir 276 mil toneladas de emissões de carbono até 2026. A iniciativa faz parte de uma estratégia de transição energética e de fortalecimento da bioeconomia na região amazônica.
O anúncio foi feito durante o painel “Legado sustentável: o papel da indústria da Amazônia na COP 30”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos, destacou que a transição do uso de termelétricas para a integração com o Sistema Interligado Nacional (SIN) trará benefícios tanto ambientais quanto econômicos. “A proposta é levar energia sustentável a regiões remotas, como o Marajó e a Calha Norte, possibilitando o desenvolvimento de cadeias produtivas locais, como a agroindústria do açaí”, afirmou Bastos.
A Amazônia possui atualmente 176 sistemas isolados de geração de energia, localizados em regiões que não são atendidas pelo Sistema Interligado Nacional (SIN). Essas áreas, muitas vezes de difícil acesso, dependem de usinas termelétricas movidas a óleo diesel para abastecimento energético, o que contribui significativamente para as emissões de carbono no Estado. O plano de descarbonização de energia busca desmobilizar esses sistemas, substituindo-os por novas linhas de transmissão conectadas ao SIN, permitindo a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável, especialmente em regiões como o Marajó e a Calha Norte.
A desmobilização das termelétricas é parte de uma parceria estratégica envolvendo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Equatorial Energia, responsável pela construção de novas linhas de transmissão que atenderão áreas atualmente dependentes de geradores a diesel.
Com a implementação do plano, o Estado prevê a construção de cerca de 20 a 25 novas linhas de transmissão até 2026, beneficiando diretamente o Marajó e a Calha Norte. “Já conseguimos cumprir metade da meta de descarbonização. Até 2026, com a conclusão de aproximadamente 12 novas linhas, esperamos evitar a emissão de mais 106 mil toneladas de carbono”, detalhou Zahluth.
Além de reduzir emissões, o plano de descarbonização visa promover o desenvolvimento econômico local através da bioeconomia. Com o aumento da oferta de energia firme e consistente, setores produtivos como o processamento de açaí terão condições mais favoráveis para expandir suas operações.
“A iniciativa de descarbonização do Pará apresentada na COP 29 destaca o compromisso do Estado em promover uma transição energética sustentável, alinhando-se com os objetivos de mitigação das mudanças climáticas e a promoção de um desenvolvimento econômico inclusivo na Amazônia”, completa Rodolpho Bastos.