Sistemas agroflorestais auxiliam na redução da insegurança alimentar

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Um estudo do Instituto Fome Zero mostrou que o número de brasileiros em situação de insegurança alimentar moderada e grave caiu cerca de 31%, entre o primeiro trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2023, ou seja, uma redução de 20 milhões de pessoas, passando para 45 milhões. Este resultado está atrelado a melhoria da inflação, aumento de valor de benefícios do governo federal e programas de incentivo a economia.

Entre os incentivos, muitos estão ligado às práticas agrícolas sustentáveis por todo o Brasil. No estado Pará, o aumento dos sistemas agroflorestais (SAF’s) oferecem uma alternativa para reduzir a insegurança familiar e promover o desenvolvimento socioeconômico.

Esses sistemas combinam o cultivo de árvores frutíferas, plantas medicinais, produtos florestais não madeireiros e culturas agrícolas tradicionais, criando um ecossistema produtivo e diversificado, além de aumentar a resiliência das comunidades locais às mudanças climáticas e preservar a biodiversidade. Ao cultivar uma variedade de frutas, vegetais e plantas medicinais, as famílias têm acesso a uma dieta mais equilibrada e nutritiva, contribuindo para a saúde e o bem-estar geral. Isso é especialmente importante em áreas onde a desnutrição e a fome são prevalentes.

Foto: Divulgação

Uma análise do Instituto Escolhas detectou que recuperar 1,02 milhão de hectares de áreas desmatadas com sistemas agroflorestais pode produzir 156 milhões de toneladas de alimentos e ainda remover 482,8 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

Pensando neste objetivo, projetos como o Sustenta e Inova, realizado pelo Sebrae e financiado pela União Europeia, trabalham com instituições parceiras para incentivar o aumento dos SAF no estado do Pará. Na região do Capim, o Refloramaz, do CIRAD é umas instituições, que juntamente as universidades federal e estadual do Pará, atende 17 municípios. Até agora, 37 agroflorestas foram implantadas, conforme o coordenador do Sustenta e Inova na região, Ricardo Macedo do Nascimento.

“Nós chamamos de co-construção ou construção participativa com os agricultores, personagens principais na jornada de estabelecer uma estrutura sustentável tanto na parte de preservação ambiental, quanto econômica e social”, disse.

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As agroflorestas oferecem uma variedade de produtos que podem ser consumidos ou comercializados, reduzindo a dependência de uma única fonte de alimento ou de renda. Isso torna as famílias menos vulneráveis a choques externos, como secas ou pragas, que poderiam comprometer uma safra única.

“Antigamente o mono cultivo, além de degradação da terra, dificultava os produtores a se organizarem para tempo de entressafra, o que acarretava falta uma série de dificuldades, além da fome. Com os cursos e capacitações, nós avaliamos as condições do solo do agricultor e lá planejamento os passos para construção coletiva da SAF”.

A agricultura Jaqueline dos Santos, 52, começou a trabalhar com a agrofloresta através do sustenta e inova, Refloramaz há um e meio. Além de atender às necessidades alimentares, as agroflorestas proporcionam oportunidades de geração de renda por meio da venda de excedentes de produtos agrícolas e florestais. Isso pode ajudar as famílias a diversificarem suas fontes de renda e a investir em educação, saúde e outras necessidades. Hoje, mais de 20 espécies de plantas e frutos são cultivadas na própria terra.

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“No começo, com o plantio de espécies de roça de mandioca, nos víamos desesperados porque não tinha comida na mesa. Após o conhecimento das SAF’s , começamos a entender que algumas frutas poderiam ser plantadas ao lado, de outras plantas. O açaí por exemplo, precisa de sol e a sombra das folhas ajudam outras espécies como cacau. E cada uma vai se ajustando. Deu para plantar, muitas espécies funcionais, como ingá, feijão, banana, que tem muito potássio, manjericão e por aí vai”.

Para Jaqueline a prática de sistemas agroflorestais envolve o trabalho coletivo e a colaboração entre os membros da comunidade, e assim incentiva a chamada economia invisível, a solidariedade e o apoio mútuo.

“É preciso reconhecer que o agente principal na mudança do cenário de destruição da Amazônia é o próprio agricultor e aprender como funciona o sistema, podemos novamente sonhar em dias melhores para comunidade e vida longa a terra”.

Com informações do Sebrae

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