Ufra e universidade chinesa Hohai iniciam cooperação para pesquisa na Amazônia

- Publicidade -

Foi assinado nesta terça-feira (27) o acordo de ampla cooperação que permitirá o intercâmbio entre pesquisadores e estudantes da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a universidade chinesa Hohai. Com o acordo, estão definidas várias formas de colaboração entre ambas as universidades, que vão desde visitas acadêmicas entre os países e cooperação em pesquisas, até o desenvolvimento de um curriculum conjunto com a possibilidade do aluno ter dois diplomas, cada um de uma instituição.

Para a reitora da Ufra, professora Herdjania Veras de Lima, esse tipo de intercâmbio de conhecimento é essencial para a formação de pesquisa na Amazônia. “É uma grande oportunidade porque esse acordo abre as portas para a ida e vinda de pesquisadores e estudantes entre os dois países. Nesse primeiro momento nós já estamos trabalhando para viabilizar a ida de estudantes nossos que possam desenvolver ações vinculadas, por exemplo, ao projeto produção de biofertilizantes, que estamos desenvolvendo em parceria”, disse a reitora.

A assinatura do acordo contou com a participação da comunidade acadêmica, da delegação chinesa, de representantes das cooperativas e das indústrias paraenses. A comitiva chinesa foi formada pelo professor Chen Lihua, chefe da delegação; o diretor adjunto da empresa Zhuhai Sino Lac Supply Chain, Tan Jianrong; coordenadora do projeto e intérprete, Xu Lina; Zhu Shiqiang, assistente do projeto e Chen Xiaozhuo, diretor-geral da Nongfengbao Grupo Co. A visita à universidade faz parte da programação oficial da comitiva precursora da Rota da Seda Marítima na Amazônia, que deve permanecer no Brasil até o dia 13 de Março.

Uma das parcerias já iniciadas entre a Ufra e a Hohai é o projeto “Uso de biofertilizantes para recuperação de solos degradados na Amazônia”. O objetivo do projeto, que recebe recursos da empresa Zhuhai Sino-Lac Suplly Chain, é aumentar a produção agrícola e pecuária de forma sustentável na Amazônia, garantindo a segurança alimentar da população e agindo na recuperação de solos degradados.

A universidade Hohai é uma das 76 universidades chinesas, foi fundada em 1915 e é referência na produção de biofertilizantes. Segundo o professor Chen Lihua, docente da universidade de Hohai e presidente da delegação chinesa, o fertilizante orgânico BioAmazônia reduz o uso de fertilizante químico e aumenta a produção. “O cultivo contínuo leva à degradação do solo, por isso a necessidade de obter suplementos para o que esse solo não consegue produzir. Nos testes que fizemos com o BioAmazônia, houve um aumento de até cinco vezes de rendimento na produção em um solo degradado pelo cultivo de arroz”, explicou.

Aplicação na prática

Na próxima sexta-feira (29) tanto a equipe de pesquisadores da universidade, quanto a delegação chinesa se reunirá no município de Paragominas, principal exportador de soja para o país asiático. É no município que serão realizados os primeiros testes com o fertilizante BioAmazônia, que será aplicado em área de testes cedida pela COOPERNORTE e destinada para cultivo de culturas de soja e milho.

Para Edilson Oliveira, analista em Cooperativismo e Monitoramento da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB/PA) a escolha beneficia a sociedade e cooperados. “A Coopernorte é a nossa maior cooperativa, com mais de 300 colaboradores com carteira assinada e em torno de 150 cooperados. Ela que detém 40% do mercado de soja e grãos do estado do Pará e 60% de Paragominas. É um setor bem latente em relação aos defensivos, que procura mecanismos para ter uma agricultura sustentável e ecológica que esteja de acordo com a bioeconomia”, explica.

Para Marcius Santos, CEO da Zhuhai Sino-Lac Suplly Chain na Amazônia Legal, a fase de testagem é importante para avaliar e fazer correções, se forem necessárias. “Com a aplicação nós vamos ver o resultado do produto. Nosso objetivo é fazer um produto 100% nacional, com elementos da nossa região amazônica. Essa é uma área de pesquisa ampla e promissora, daqui há um ano ou dois podemos ter resultados que permitam o desenvolvimento da nossa agricultura de forma cada vez mais sustentável”, diz. A Ufra já recebeu 500 Kg de biofertilizantes enviados China. Segundo Marcius Santos, outras 200 toneladas do BioAmazônia estão prontas para serem embarcadas ao Brasil, apenas aguardando liberação.

Nas pesquisas realizadas nos campos de teste chineses, foram verificados resultados em cultivos de milho, com aumento de 10 a 20%; na produção de uva, 13 a 20% e de 15 a 25% na produção de pimenta. “Nosso objetivo é que não sejam necessárias a abertura de novas áreas para cultivo, seja possível aumento da capacidade de sequestro de carbono e que possamos contribuir na redução de eventos que contribuem para alterações climáticas”, disse o professor Chen Lihua.

O BioAmazônia possui nitrogênio, fósforo, potássio, zinco e outros elementos que auxiliam na recuperação dos solos e no aumento de produção. Segundo o professor Chen Lihua, a universidade de Hohai tem oito patentes sobre esses produtos, que devem ser partilhadas com a Ufra, além da experiência no uso e produção desse tipo de produto, que atendem aos padrões internacionais.

Com informações de Vanessa Monteiro/Ufra.

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Conteúdo Relacionado

COP 30: evento ensina cadastrar imóveis de Belém no Booking

Agência Pará - Marcada para acontecer em novembro de...

O que é microexplosão, fenômeno que está derrubando árvores na Amazônia

Ecoa UOL - Mudanças climáticas vêm intensificando os microbursts,...

COP29 fecha acordo climático e resultado é criticado

Os participantes da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre...
DOL
DOLhttps://dol.com.br/?d=1
Site especializado do portal DOL com notícias, reportagens especiais e informações sobre a COP 30, maior evento climático do mundo, que será realizado em Belém, em 2025, além de temas relacionados, como Amazônia, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.