Pesquisadores apresentaram nesta sexta-feira (26) a Carta de Belém, documento que reúne contribuições científicas sobre a Amazônia em preparação para a COP 30, que ocorrerá em novembro, em Belém. A iniciativa envolveu cerca de 120 pesquisadores de 22 redes de pesquisa, conectando universidades e institutos brasileiros a parceiros internacionais, como a Universidade de Bristol, no Reino Unido.
A entrega do texto ocorreu no encerramento do evento Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP 30, realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA) entre os dias 22 e 26 de setembro. Participaram 18 centros de pesquisa, incluindo instituições voltadas ao desenvolvimento sustentável e à produção científica sobre a região.
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, destacou que a produção acadêmica deve considerar o conhecimento dos povos tradicionais e comunidades ribeirinhas. Segundo ele, documentos como a Carta de Belém representam um legado duradouro da ciência amazônica.
Entre os temas discutidos no encontro estão a importância das unidades de conservação e territórios indígenas na contenção do desmatamento, a relevância dos chamados rios voadores para o regime de chuvas em outras regiões do Brasil e os impactos de atividades como pecuária, mineração e urbanização.
O professor Leandro Juen, coordenador do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam/UFPA), ressaltou que aproximadamente 45% do território amazônico ainda carece de dados básicos sobre biodiversidade, o que reforça a necessidade de ampliação das pesquisas. Ele também destacou o papel das universidades federais da região, que contam com mais de 13 mil docentes e 200 mil estudantes, no fortalecimento da produção científica local.
As discussões foram organizadas em grupos de trabalho temáticos e sessões técnicas. Entre os resultados está a consolidação de bases de dados ecológicos padronizados, como a TAOCA, voltada à curadoria e validação de informações ambientais. Pesquisadores também apresentaram métricas sobre os impactos da ação humana na floresta. Segundo estudos apresentados, a Amazônia perdeu quase 10% de sua cobertura florestal entre 1986 e 2023, principalmente em função da expansão agropecuária e da silvicultura.
A Carta de Belém será levada como referência científica à COP 30 e busca subsidiar políticas públicas e estratégias de conservação. O documento também reforça a necessidade de integração entre biomas e de ações colaborativas entre universidades, centros de pesquisa e comunidades locais.