“Plantadores de floresta” cultivam ipês para o futuro

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Durante o verão amazônico, quem passa pela Almirante Barroso se encanta com a floração de Ipês colorindo a avenida, que é uma das principais de Belém. Essa beleza não é exclusivdade dessa área da região metropolitana. Não muito longe dali, “plantadores de florestas” estão agindo por conta própria e plantando mudas dessa espécie.

No bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, um conjunto habitacional tem fama por suas áreas verdes: o Conjunto Júlia Seffer. Com dois bosques, Uirapuru e Marajoara, muitas famílias aproveitam o espaço para lazer e outras atividades ao ar livre.

Para manter o conjunto arborizado, uma iniciativa dos moradores em plantar Ipês está deixando o lugar ainda mais verde. Lá, quem recebe o DOL é o presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Habitacional Júlia Seffer (Achajus), Eduardo Aguiar, que plantou recentemente 20 mudas da árvore.

Eduardo mora no conjunto há 40 anos e conta que o clima do lugar é diferente por ser mais arborizado: “O clima aqui é diferenciado. Quando eu venho da BR-316, por exemplo, [quando venho] de Belém, quando eu chego aqui parece que muda tudo, parece que o clima é outro. No nosso conjunto, o clima é bom atualmente, porque logo quando eu vim para cá era devastado, já está mais arborizado, é gostoso, é muito bom, a noite principalmente. Eu que moro próximo ao bosque sinto aquele cheiro de mato, aquela coisa gostosa que faz a gente dormir bem”, disse.

Foto: Laura Vasconcelos.

 

Além das árvores, ao passear pelo conjunto, é possível notar a presença de muitos pássaros e borboletas e isso é justificado por Eduardo como uma das consequências de viver em um espaço arborizado. “Todo o nosso conjunto é rodeado de plantações, temos os bosques Uirapuru e Marajoara, temos esse canteiro que vai da Rua 17 até a Rua 8. São áreas de domínio público, mas a associação mantém, cuida e as áreas remanescentes são nossas, de propriedades da associação”, explicou Eduardo.

Plantio iniciado há dez anos

Há mais ou menos 10 anos, os moradores começaram a plantar mudas de Ipês em uma área descampada, onde hoje é um espaço com muita sombra e agradável de estar. O presidente da associação diz que não há exatamente um projeto de replantio pelo conjunto, mas ao receberem doações escolhem um lugar e plantam as sementes.

“Nós recebemos 50 mudas de um rapaz que tem uma vidraçaria que doou as mudas de Ipê que nós estamos plantando periodicamente. Um mês a gente planta cinco mudas, depois planta mais cinco, mas sem um estudo legal mesmo. Eu cavo, enterro e pronto, não tenho projeto”, ele contou.

Foto: Laura Vasconcelos.

“Mas tem alguns moradores que plantam também, por exemplo, tem um canteiro onde moradores já plantaram vários mudas, mas planta assim por conta própria mesmo. De repente a prefeitura resolve fazer uma praça, uma quadra de esporte, vai ter que cortar”, explicou Eduardo, temendo por um futuro em que as árvores podem ser perdidas.

De acordo com o presidente da Achajus, o risco de cortarem algumas árvores é um dos motivos de não plantarem mais no conjunto e que gostaria de ter um projeto mais efetivo para cuidar do meio ambiente. Além disso, Eduardo está sempre em contato com a Secretaria de Meio Ambiente de Ananindeua (SEMA), mas, segundo ele, o órgão deveria estar mais presente.

Atualmente, as mudas de Ipê são recebidas pela Associação dos Moradores como doações de moradores e comerciantes e Eduardo pretende plantar as outras 30 mudas restantes ao longo do conjunto ainda em 2024: “Plantamos as 20 mudas e ainda tem 30, vamos escolher um dia e plantar, mas temos que nos programar”, concluiu.

Equipe Dol Especiais:

  • Reportagem: Laura Vasconcelos
  • Coordenação e Edição: Anderson Araújo
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