O coordenador do Fórum Municipal sobre Mudanças Climáticas, Sérgio Brazão, aponta que nesta plenária foi dada ênfase à escuta de vivências dos que mais serão atingidos pelos efeitos da crise climática.
“Temos no Fórum e fazemos questão de levar às plenárias, vários multiplicadores das informações sobre as mudanças climáticas. Mas hoje temos aqui grupos que historicamente estão fora de todas as discussões e hoje a gente deu voz a esses grupos, ouvimos quilombolas, LGBTQIA+, várias etnias indígenas, mulheres trans, população em situação de rua. Hoje, pudemos ouvir seus aspectos e o que eles sofrem para que eles possam ser contemplados no nosso planejamento. Porque o Plano é um planejamento do qual se pretende fazer lei para que ele possa servir por 30, 50 anos”, disse o coordenador.
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O engajamento popular nas discussões sobre o impacto da crise climática no dia a dia das pessoas foi destacado pela secretária-executiva do FMMC, Marinor Brito. “As plenárias da pré-conferência seguem juntando o povo e seu protagonismo na elaboração do Plano Municipal e a Conferência Municipal para as Mudanças Climáticas de Belém. Essa plenária é a cara da nossa gente”, declarou Marinor.
Mais de cem instituições de pesquisa e ensino já fazem parte do Fórum Municipal de Mudanças Climáticas e mais de 2.500 pessoas já participaram das ações plenárias realizadas pelo Fórum, que cumpre um dos seus objetivos, que é formar multiplicadores para levar a informação sobre as mudanças a todos os territórios.
Protagonismo
Para um dos indígenas da etnia Warao, da Venezuela, que mora em Belém há mais de um ano, Israel Castilho, receber o convite para participar do evento foi uma honra. “Discutir sobre como a nossa própria cultura pensa e cuida da natureza e trazer para o evento a nossa visão foi de grande importância para nós”, afirma o índigena. “Saber que as autoridades desejam ouvir também sobre as nossas dificuldades pela primeira vez num evento como é esse, faz a gente ver a diferença entre Belém e outros lugares”, complementa.
A professora doutora Marilena Loureiro, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará e do Grupo de Mulheres do Brasil- núcleo Belém, acredita que esses eventos contribuem efetivamente para a ampliação da conscientização pública da questão absolutamente premente que é a questão das emergências climáticas.
“Isso tudo faz com que essa discussão se aproxime daqueles que efetivamente são mais afetados. A gente compreende que vive numa sociedade classista, desigual, com muita assimetria e a questão das emergência, as suas consequências, vão afetar muitos mais determinados segmentos da população, e o poder público precisa se preocupar com isso e para além de uma preocupação pontual de discussões preparatória à COP-30. É preciso pensar nos instrumentos para que a cidade construa um legado para a minimização dessas consequências”, conclui a professora.
A realização de plenárias continua.Nas próximas semanas serão realizadas plenárias temáticas de servidores, da agricultura familiar, do saneamento básico, do Distrito de Belém (Dabel) e de mudanças climáticas.