Já imaginou juntar inclusão e sustentabilidade em um mesmo propósito? O projeto Cipó, reunindo esforços e olhares sensíveis às causas, resolveu pôr a ideia em ação.
O projeto Cipó, como é chamado o Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo, Inovação e Inclusão das Amazônias, do Instituto Ciberespacial – ICIBE e Núcleo Acessar/UFRA, é uma iniciativa idealizada pelas professoras Dra. Ynis Cristine Ferreira e Dra. Yana Fadul.
De acordo com Ynis Cristine, o Cipó, não por acaso lançado em abril, o Mês de Conscientização sobre Autismo, existe com o objetivo de apresentar contribuições empreendedoras, inovadoras e inclusivas de forma interdisciplinar e sustentável.
Neste sentido, a vivência do grupo com pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), os levou a uma compreensão dessas realidades, e, assim, nasceu o ímpeto para o projeto.
“Juntas, pensamos em parceria de pesquisa sobre a importância da biodiversidade para desenvolvimento sustentável nas Amazônias”, explicam as autoras.
Projeto na prática
Um dos produtos é o livro “As aventuras de Superlimpo e Crespinha”, lançado na 26ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em Belém.
O projeto do livro nasceu durante a pandemia. Durante o isolamento social, as alunas compartilharam remotamente os saberes do curso sobre o cultivo de hortas caseiras, mais especificamente a alface.
As hortas foram feitas por Samuel, uma criança com TEA, que na época tinha 7 anos e não era alfabetizado. Ele ficou encantado com as descobertas sobre agronomia, sustentabilidade e como ele poderia ser um herói salvando o planeta. Ele e sua mãe criaram uma história, mais tarde ilustrada por Fabrício Ferreira, a partir dos desenhos do Samuel.
O resultado é o livro infantil “As aventuras de Superlimpo e Crespinha”, produzido a partir de uma construção de significados, conhecimento, do pensar crítico e criativo.
Mas qual a relação entre a inclusão e a sustentabilidade?
Ynis explica que, baseado nos preceitos de gestão social, democrática e participativa, o projeto busca “uma quebra de paradigmas para superar o estereótipo de visão do autismo do ponto de vista médico como uma doença ou algo incapacitante. O autismo faz parte da diversidade humana. A diversidade e a inclusão e a sustentabilidade em seu sentido amplo são componentes essenciais dos direitos humanos, pois busca garantir que todas as pessoas sejam tratadas com dignidade, igualdade e respeito, independentemente de suas características pessoais. Ao incluir pessoas com autismo, fortalecemos os princípios fundamentais dos direitos humanos e contribuímos para uma sociedade mais justa e equitativa”.
Por último, as idealizadoras destacam que o propósito não é serem protagonistas do processo, mas “incentivadores e semeadores de esperança para conscientização ambiental e social”.
Jamille Leão Amaral é jornalista, amazônida e bacharel em Comunicação Social.