Tony Blair pontua posição do Brasil em temas climáticos

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Por Jamille Leão Amaral

Com pouco mais de 1 hora e 15 minutos de discurso, o ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Tony Blair, foi um dos palestrantes de destaque no segundo dia da “Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias”, que ocorreu em Belém, de 30 de agosto até 1º de setembro.

Dentre as pontuações pertinentes à situação do Brasil na esfera global, ele ressaltou os interesses chaves para o país e as mudanças climáticas globais. “Não reagimos rápido o suficiente para evitar o aquecimento global. Precisamos investir em uma tecnologia que de fato consiga mudar a maneira como nós lidamos com o desenvolvimento. Aqui no Brasil, temos enormes oportunidades como a biomassa. Vocês precisam desenvolver estas oportunidades aqui nesse Estado, para alcançar a economia verde. Aqui no Brasil, por conta da energia hidrelétrica, vocês têm a oportunidade de ocupar a liderança do hidrogênio verde.”

Segundo Tony, a responsabilidade também é mundial: “o mundo vai continuar a crescer e nós precisamos continuar a tirar as pessoas da pobreza e subsidiar o desenvolvimento, então, tudo gira em torno de como vamos conseguir fazer isso de forma sustentável. A chave é justamente a criação de novas soluções e o financiamento delas.”

O ex-primeiro-ministro também enfatizou a relação das florestas tropicais, como a Amazônia, com o mundo. “Proteger a floresta tropical é essencial para os problemas das mudanças climáticas, para o nosso habitat, e para o desenvolvimento da medicina. A floresta tropical ensina muito sobre como podemos desenvolver tratamentos e curas para o futuro.”

No entanto, no Brasil, país que abriga a maior parte da Amazônia -quase 62% de sua extensão, a situação ainda não é promissora. “O Brasil é um dos países mais críticos no debate climático, mas vocês têm a floresta tropical e um grande poder. Nos últimos meses, o desmatamento foi reduzido e isso é algo significativo.”

Ele também comentou sobre a importância de incluir os povos originários nas discussões, e a preservação das suas vidas e vivências, já que, há séculos, conhecem estreitamente as florestas e os recursos naturais.

“Todos sabemos que a Amazônia tem um papel importante, mas para fazer isso do jeito certo, você precisa de um grande plano e da implementação dele”, disse Blair acerca dos debates mundiais.

Tony também trouxe à tona um posicionamento importante em relação ao G20 – fórum internacional composto pelas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo, no qual o Brasil assumirá a presidência de turno a partir de dezembro deste ano.

“O G20 acontece ano que vem, e a COP 30 aqui em Belém em 2025. Então, é aqui que vai acontecer grande parte do debate climático. Por outro lado, o G20 ter acontecido um ano antes pode abrir caminhos para os debates a serem discutidos aqui”.

“No meu ponto de vista, não cheguem lá (no G20) tentando resolver essa grande divisão geopolítica mundial, mas encontrem algum problema em torno do qual o mundo inteiro tenha um interesse em comum para que possam chegar a um consenso. Eu acho que o Brasil tem uma posição interessante em torno da saúde global, por exemplo, dado o enorme potencial de soluções que esta região oferece”.

Após citar que a revolução tecnológica atual é tão dramática e marcante quanto a revolução industrial do século XIX, Tony Blair fez suas considerações finais e deu um recado otimista para o mundo.

“Eu acho que, dados os desafios que o mundo enfrenta, a coisa está melhorando. Sei que as vezes não parece, porque sempre tem um problema acontecendo, mas se você olhar com um certo distanciamento, você vê que essa revolução tecnológica teve efeito, apesar das dificuldades. Nós estamos aqui em um dos epicentros falando a respeito dessas dificuldades, mas o que nos deve dar esperança é que a humanidade não criou problemas que estão além da sua capacidade de resolvê-los, e isso só pode ser feito com planos realistas que inspirem a todos.”

 

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