Durante o Congresso Sustentável realizado na última terça-feira (1º) em Belém, a diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, afirmou que a capital paraense será um marco na história da luta contra as mudanças climáticas. O evento foi promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e contou com a presença de autoridades e especialistas em sustentabilidade.
“Não tenho nenhuma dúvida de que o debate climático será outro após esta COP. E uma das razões é porque será aqui. Belém vai fazer história”, declarou Ana no palco do Teatro Estação Gasômetro, no Parque da Residência. Ao lado do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, ela afirmou que a cidade tem surpreendido nas apresentações internacionais sobre a conferência.
Segundo Ana, nas Reuniões Climáticas de Bonn, na Alemanha, realizadas no mês passado como preparatórias da COP, muitos participantes desconheciam a dimensão e a relevância histórica de Belém. “Pensavam que Belém era muito pequena. Então foi uma oportunidade muito importante de apresentar a cidade, sua beleza e também abordar temas que preocupam os participantes, como segurança, saúde e transporte”, relatou.
Desafios logísticos
Apesar do entusiasmo, a diretora-executiva reconheceu que ainda existem entraves a serem superados — o principal deles, o alto custo da hospedagem em Belém durante o período da conferência. “Temos que ter preços razoáveis, porque muitos dos países que virão são mais pobres do que o Brasil. São nações da África, da América Latina, pequenas ilhas…”, alertou. Ela garantiu que os governos federal, estadual e municipal estão empenhados em buscar soluções para o problema.
“Motor de baixo para cima”
Ana também destacou que a COP 30 simboliza uma mudança na forma como as transformações climáticas estão ocorrendo no mundo. Segundo ela, se antes as decisões vinham “de cima para baixo”, hoje a mudança parte da base da sociedade.
“As empresas, os consumidores, os povos indígenas e tradicionais, os governadores, os prefeitos… Somos todos parte de um mutirão. A mudança está um pouco nas nossas mãos”, afirmou. Para ela, a COP 30 será o momento de acelerar a implementação dos acordos internacionais já firmados, como o Acordo de Paris, cujo livro de regras foi concluído após uma década de negociações.
Protagonismo brasileiro
Ana ressaltou que o Brasil tem papel fundamental como provedor de soluções climáticas em áreas como agricultura, energia e preservação florestal. No entanto, pontuou que ainda falta ao país assumir esse protagonismo com mais clareza. “Nós brasileiros ainda não vestimos essa camisa. O que vai fazer a diferença na COP 30 é essa mudança de atitude: entender que essa é nossa vocação, com todos os desafios, erros e acertos”, disse.
Após sua participação no Congresso Sustentável, Ana se reuniu com o governador Helder Barbalho (MDB), que também discursou no evento, e com o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), para discutir os preparativos da COP.
Participação da comunidade científica
No dia seguinte (2/7), Ana Toni participou do evento “As Contribuições da Amazônia para a COP 30”, promovido pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela integrou a mesa “Contribuições da Amazônia para a Transição Justa”, ao lado da socióloga Edna Castro e com mediação do jornalista Ricardo Gandour.
“A ciência vem nos alertando, e as soluções estão nas pessoas. Ter a UFPA hiperengajada, convocando outros reitores para um grande mutirão nas universidades, é o espírito da COP 30”, declarou Ana.
Visita ao Parque da Cidade
Encerrando sua agenda, a diretora-executiva visitou o Parque da Cidade, espaço que vai abrigar as zonas azul e verde da COP 30. Ela conheceu as instalações e as obras da praça de alimentação da zona azul, elogiando a estrutura. “Está muito grande e bonito”, disse.
Com a expectativa crescente para a realização da conferência em 2025, Belém vai se consolidando como palco central das discussões climáticas globais — e, segundo Ana Toni, com potencial para deixar um legado histórico.
Fonte: Fórum