Não existe justiça climática sem justiça racial; entenda!

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“Não podemos ter justiça climática sem ter justiça racial”, destacou a ativista pelo clima Vanessa Nakate, em entrevista para o ECOA, do UOL.
Mulher negra e africana, a fala da ativista veio após ela perceber que a luta pelo clima está inextricavelmente ligada a justiça racial. Na entrevista, que foi publicada em 2022, Nakate falou sobre o caso de racismo que sofreu em 2020, quando participou do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, junto com outros jovens, incluindo Greta Thunberg.
Na ocasião, ela e o grupo de ativistas deram entrevistas para agências de notícias e foram fotografados. No entanto, no outro dia, ao ver a publicação da Associated Press, ela viu que foi cortada da foto. A única mulher negra e africana do grupo havia sido excluída da foto.

“Naquele momento comecei a entender a intersecção entre a questão das mudanças climáticas e o racismo. Me perguntei por que eu, única negra e africana do grupo, havia sido removida da foto e por que é importante que vozes como a minha sejam ouvidas. Comecei a ler sobre as intersecções que existem entre o combate às mudanças climáticas e a luta contra o racismo, a pobreza e a fome. Todas essas coisas estão interligadas. Não podemos ser bem-sucedidos numa batalha se fracassarmos nas outras. Não podemos ter justiça climática sem ter justiça racial”, destacou Vanessa Nakate.

Por que não existe justiça climática sem justiça racial?

A maior parte das populações que sofrem os impactos ambientais são pessoas de grupos considerados minorias, negros, indígenas, quilombolas e etc. Mas, os grandes causadores dos problemas climáticos são grandes nações, onde a população é em sua maioria branca.
O continente africano, por exemplo, é responsável por cerca de 4% das emissões de gases do efeito estufa. No entanto, os países da África são um dos que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas, com ciclones, secas e enchentes. Isso tudo, deixa milhões de pessoas desabrigadas e agrava, ainda mais, a fome e pobreza.
Em setembro, durante a Cúpula Africana do Clima, realizada no Quênia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a crise climática é marcada por “uma grande injustiça”. “Dos 20 países mais impactados pelas mudanças climáticas nos desastres que são criados, 17 estão na África”, apontou.

Além disso, países africanos podem ser potências em produção de energias renováveis. No entanto, na maior parte dos casos, ativistas africanos, são invisibilizados por conta do racismo. Assim acontece com os povos indígenas e tradicionais da Amazônia, que são os maiores preservadores da floresta, mas também são os que mais sofrem com os efeitos negativos das mudanças climáticas. E isso se chama racismo ambiental.

O racismo ambiental são todas as injustiças ambientais, discriminação contra populações que são consideradas minorias étnicas por conta da destruição do meio ambiente, além da exposição desproporcional a riscos, deixando-as ainda mais vulneráveis, além de excluir essas pessoas dos processos de tomada de decisão.
Assim, é importante que eventos como Conferencia das Partes (COP), que é organizada pela ONU e que em 2025 será realização a COP 30 em Belém, precisa, além de discutir as mudanças climáticas, também falar sobre as questões do racismo ambiental propor ações para essas questões.

Por: Aila Beatriz Inete

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