Preocupação: pesquisa aponta recuo acelerado de geleiras nos últimos anos

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Um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS) indica que, em cinco dos últimos seis anos, as geleiras registraram os maiores índices de recuo já observados. O fenômeno atinge formações glaciais em regiões como Estados Unidos, Canadá, Escandinávia, Europa Central e Nova Zelândia, e pode gerar impactos sobre economias, ecossistemas e comunidades.

Desde 1975, quando os registros começaram, a redução das geleiras ultrapassou 9 trilhões de toneladas, segundo Michael Zemp, diretor do WGMS. O volume perdido equivale a uma camada de gelo cobrindo uma área do tamanho da Alemanha.

Diante desse cenário, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu 2025 como o Ano Internacional da Preservação das Geleiras e instituiu o Dia Mundial das Geleiras, a ser celebrado em 21 de março. A iniciativa busca ampliar o debate sobre a relação entre as geleiras, o clima e os ciclos hídricos.

Impactos do derretimento das geleiras

O planeta possui aproximadamente 275 mil geleiras em montanhas, além das camadas de gelo na Groenlândia e na Antártida, que armazenam cerca de 70% da água doce disponível no mundo. O degelo dessas formações abastece diversas regiões, influenciando o fornecimento de água para comunidades e atividades econômicas.

A redução das geleiras também intensifica riscos ambientais, como inundações. O aquecimento dos lagos glaciais pode levar ao rompimento de margens, resultando em enchentes. Em 2023, no estado de Sikkim, na Índia, um evento desse tipo causou a morte de pelo menos 55 pessoas e destruiu uma barragem hidrelétrica.

Nos Andes peruanos, um lago glacial tem aumentado significativamente de volume. Entre 1990 e 2010, o nível de água cresceu 34 vezes, segundo um estudo. O agricultor Saul Luciano Lliuya entrou com uma ação contra a empresa de energia alemã RWE, alegando que a companhia contribuiu para mudanças climáticas que ameaçam sua comunidade.

Elevação do nível do mar

O derretimento das geleiras é um dos principais fatores para a elevação do nível dos oceanos, atrás apenas da expansão térmica das águas causada pelo aumento das temperaturas. Dados da OMM apontam que a taxa de elevação do nível do mar mais que dobrou desde 1993, quando começaram as medições via satélite.

Embora o aumento médio global seja de 18 milímetros, o efeito combinado desse avanço impacta especialmente regiões de baixa altitude. A OMM estima que cada milímetro adicional expõe entre 200 mil e 300 mil pessoas a inundações anuais. O avanço do mar também afeta ecossistemas costeiros e pode provocar a contaminação de águas subterrâneas por infiltração de água salgada.

Relação com as mudanças climáticas

O relatório da OMM aponta que 2024 pode ter sido o primeiro ano em que a temperatura média global superou 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, quando o uso de carvão e petróleo aumentou significativamente. Esse marco, no entanto, não significa o rompimento definitivo das metas do Acordo de Paris, que avalia o aquecimento com base em médias de longo prazo.

O aumento das temperaturas está diretamente ligado às emissões de combustíveis fósseis. Em 2024, todas as 19 regiões glaciais analisadas no estudo registraram perda líquida de massa de gelo pelo terceiro ano consecutivo. As geleiras da Escandinávia, do Ártico e do Norte da Ásia tiveram as maiores perdas já registradas.

O relatório da OMM recomenda o fortalecimento de sistemas de alerta para eventos climáticos extremos e defende o cumprimento das metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris como medida para reduzir o recuo das geleiras.

Com informações de Metrópoles

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