A menos de três meses da realização da COP30 em Belém, o governador do Pará, Helder Barbalho, recebeu um documento simbólico que pode influenciar o futuro das decisões climáticas no Brasil. Entregue durante o 4º Congresso Brasileiro Mulheres da Energia, em São Paulo, a “Carta das Mulheres da Energia” reúne propostas para uma transição energética justa, com inclusão de gênero, justiça social e enfrentamento à crise climática
O evento foi realizado nesta segunda-feira (25) e reuniu lideranças femininas do setor eletroenergético de todo o país. Helder Barbalho foi convidado a participar do congresso, onde reafirmou a importância da Amazônia e do Brasil no cenário global da sustentabilidade.
O ponto alto do encontro foi a entrega da carta, feita simbolicamente por dezenas de mulheres no palco. A leitura do documento ficou por conta de Zilda Costa, vice-presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), e foi entregue em mãos pela presidente do congresso, Lúcia Abadia.
A “Carta das Mulheres da Energia: um chamado à COP30” foi elaborada por especialistas, parlamentares, empresárias e acadêmicas. O documento traz propostas para uma transição energética que vá além da tecnologia, abordando também aspectos sociais, políticos e humanos.
Entre os compromissos, estão:
- A institucionalização da voz feminina na COP30;
- Criação de mecanismos permanentes de participação;
- Inclusão de critérios de justiça de gênero e raça no combate à pobreza energética;
- Maior articulação com associações setoriais.
Para Helder Barbalho, “ser emissário desta carta é uma honra”. “A mobilização das mulheres da energia é central para que o mundo possa enfrentar e vencer o desafio da transição energética. Justiça climática exige justiça social, e isso inclui garantir lugar de fala para quem constrói soluções concretas nos territórios”, ressaltou o governador.
Brasil e Amazônia no centro da agenda global
A realização da COP30, marcada para novembro em Belém, será um marco dos 10 anos do Acordo de Paris. Para o governador, o evento será uma oportunidade única para o Brasil assumir liderança mundial na agenda climática.
“Dez anos depois do Acordo de Paris, será a hora de checar o que foi feito, o que não foi entregue e o que precisa ser garantido. Nossa expectativa é que a COP30 seja a COP da implementação, com resultados reais em financiamento climático, transição energética e redução de emissões”, afirmou Barbalho.
Ele também defendeu que o protagonismo brasileiro está amparado em dados concretos. “Temos 83% da matriz energética limpa, a maior floresta tropical do planeta e uma agropecuária cada vez mais sustentável. O Brasil tem autoridade para liderar essa agenda”, disse.
Bioeconomia e soluções locais no Pará
Durante a fala no painel do congresso, Helder Barbalho apresentou as iniciativas do Pará frente às mudanças climáticas. Entre os destaques estão:
- Restauração produtiva de áreas degradadas com açaí e cacau;
- Rastreabilidade da cadeia da carne;
- Estruturação do mercado estadual de carbono;
- Incentivo à bioeconomia e à biotecnologia.
“Queremos mostrar que é possível gerar renda com a floresta viva. Transformar biodiversidade em bioeconomia, em biotecnologia, em soluções que respondam à demanda global. O Pará está construindo uma nova vocação com base na sustentabilidade e na inovação”, explicou.
Educação ambiental como política pública
Ao encerrar a participação no congresso, o governador reforçou o compromisso do Pará com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. O estado foi pioneiro ao tornar a educação ambiental uma disciplina obrigatória na rede estadual de ensino.
“Educação ambiental é cuidar da floresta e também do cotidiano: não jogar lixo na rua, fechar a torneira, plantar uma árvore. Acreditamos que as decisões que tomamos hoje vão garantir um futuro melhor para os nossos filhos e netos”, afirmou.
Reconhecimento e expectativa para a COP30
O congresso foi encerrado com um ato simbólico de entrega da carta ao governador e o reconhecimento do papel dele como anfitrião da COP30. “Vai ser a mudança não só do Brasil, mas do mundo, que é o que a gente quer”, declarou Lúcia Abadia, presidente do congresso.
Com isso, o documento entregue pelas Mulheres da Energia se torna mais um elemento que promete influenciar os debates durante a conferência em Belém, com vozes femininas, amazônicas e brasileiras na linha de frente.
Texto: Júlia Marques com informações da Agência Pará.