O que esperar de resultados dos debates da conferĂȘncia?

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Desde que a capital paraense foi anunciada como sede da 30ÂȘ ConferĂȘncia das Partes da Convenção-Quadro das NaçÔes Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), as expectativas em relação Ă  conferĂȘncia do clima tĂȘm sido grandes, nĂŁo apenas porque serĂĄ a primeira vez que as negociaçÔes ocorrerĂŁo na AmazĂŽnia brasileira, como tambĂ©m porque a conferĂȘncia de 2025 prevĂȘ uma sĂ©rie de decisĂ”es importantes para se conter o avanço do aquecimento global. E quais sĂŁo os resultados esperados das negociaçÔes e acordos da COP30?

A especialista em Mudanças ClimĂĄticas do WWF-Brasil, FlĂĄvia Martinelli, destaca que a COP30 terĂĄ dois momentos relevantes e que, portanto, estarĂŁo no foco das atençÔes no prĂłximo ano. “Um Ă© o fechamento dos indicadores da Meta Global de Adaptação (GGA – Global Goal Adaptation), ou seja, os paĂ­ses terĂŁo um mecanismo para reportar e mais clareza sobre o que podem fazer para se adaptar Ă s consequĂȘncias da crise climĂĄtica, como secas, inundaçÔes e eventos climĂĄticos extremos”, pontua.

“E o outro sĂŁo as entregas das NDCs (Nationally Determined Contribution, em inglĂȘs), que sĂŁo as contribuiçÔes nacionalmente determinadas, ou seja, sĂŁo as metas com as quais cada paĂ­s se compromete para frear a crise climĂĄtica, com metas para redução de emissĂ”es de Gases de Efeito Estufa e, adicionalmente as NDCs podem incluir quais medidas de adaptação serĂŁo feitas para lidar com as consequĂȘncias da crise climĂĄtica”.

FlĂĄvia explica que, periodicamente, os paĂ­ses precisam apontar as metas a nĂ­vel nacional com as quais estĂŁo comprometidos para diminuir suas emissĂ”es de gases de efeito estufa. E a cada submissĂŁo dos paĂ­ses de suas metas (NDCs) a ambição precisa ser maior do que a anterior. “Ou seja, os paĂ­ses nĂŁo podem submeter metas menos ambiciosas do que a contida na NDC que foi entregue anteriormente. A COP30 Ă© o momento em que os paĂ­ses jĂĄ terĂŁo submetido suas NDCs, com metas mais ambiciosas, e essa revisĂŁo vai mostrar para onde o mundo estĂĄ caminhando em termos de aquecimento global e o quanto aumentou de ambição. No entanto, essas metas sĂŁo voluntĂĄrias, e, infelizmente, Ă© possĂ­vel que a avaliação geral seja que, mesmo se os paĂ­ses cumprirem suas metas, ainda assim estarĂĄ aquĂ©m do que necessitamos em termos de ação climĂĄtica”.

No que se refere à posição do Brasil diante das negociaçÔes climåticas, a especialista em Mudanças Climåticas do WWF-Brasil considera que o governo federal tem concentrado seus esforços relacionados à ação climåtica na redução de desmatamento na AmazÎnia e, por isso, espera-se que o país se posicione no sentido de ressaltar a importùncia das florestas e dos povos indígenas e comunidades tradicionais para sua proteção e enfrentamento à crise climåtica.

Flåvia Martinelli atenta que realização do evento em Belém abre possibilidades para debates sobre conservação da AmazÎnia. | Foto: Reprodução

GLOBAL

O fato de a COP ser realizada pela primeira vez em uma capital amazĂŽnica, inclusive, aumenta as expectativas em relação Ă  adoção de medidas que levem Ă  conservação do bioma, mas FlĂĄvia Martinelli lembra que a conferĂȘncia Ă© focada na busca de soluçÔes a nĂ­vel global. “Existe uma expectativa do povo brasileiro que a COP30 sendo realizada em BelĂ©m ajude a concentrar esforços de conservação nesse bioma, mas a ConferĂȘncia em si nĂŁo toca em decisĂ”es de nĂ­vel local ou nacional. SĂŁo mais de 100 paĂ­ses reunidos para tomar decisĂ”es sobre caminhos de soluçÔes a nĂ­vel global. Se olharmos as ConferĂȘncias anteriores, como Dubai (Emirados Árabes, em 2023) e Sharm-El-Sheik (Egito, em 2022), pouco foi feito em termos de ação climĂĄtica a nĂ­vel local a partir da ConferĂȘncia”, esclarece.

“No entanto, os holofotes estarĂŁo no Brasil e na AmazĂŽnia, entĂŁo o governo brasileiro e o governo estadual do ParĂĄ podem aproveitar esse momento que o assunto estarĂĄ quente para apresentar Ă  população brasileira e Ă s populaçÔes amazĂŽnidas medidas a nĂ­vel local e nacional de enfrentamento Ă  crise climĂĄtica, como planos para conter e monitorar desmatamento por exemplo, ou medidas de proteção e fortalecimento dos povos indĂ­genas”.

Por Cintia Magno/DiĂĄrio do ParĂĄ

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