A Amazônia desempenha um papel essencial no equilíbrio climático global, regulando ciclos da água e do carbono e abrigando uma das maiores biodiversidades do planeta. Porém, a região enfrenta desafios crescentes, como desmatamento, poluição ambiental e os impactos das mudanças climáticas, ameaçando ecossistemas e populações tradicionais que dependem desses recursos naturais.
Diante disso, a 30ª edição da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em novembro deste ano em Belém, surge como uma oportunidade única para promover a integração entre saberes científicos e tradicionais na busca por soluções sustentáveis para todo o planeta.
Ciência amazônica e protagonismo local
A eficácia da pesquisa científica na Amazônia é potencializada quando conduzida por cientistas que vivem e trabalham na região. Essa proximidade permite a formulação de questões de pesquisa mais relevantes e a implementação de soluções eficazes e adaptadas às realidades locais.
Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, pesquisadores de universidades da região, como as Universidades Federais do Pará (UFPA), do Acre (UFAC) e do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), lideraram estudos sobre os impactos da doença em comunidades tradicionais, adaptando estratégias de saúde pública às necessidades específicas dessas populações.
Integração de saberes e sustentabilidade
A pesquisa endógena na Amazônia também valoriza o conhecimento tradicional de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, que desempenham um papel fundamental na preservação dos ecossistemas e na gestão dos recursos naturais. A inclusão desses saberes nos processos de pesquisa e tomada de decisão é crucial para a sustentabilidade ambiental e a resiliência das comunidades locais.
Nesse contexto, iniciativas como o Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia (CISAM), que congrega 13 universidades federais da região, buscam fortalecer a pesquisa interdisciplinar e a coprodução de soluções socioambientais, promovendo maior autonomia científica e técnica para a Amazônia.
Vozes amazônicas na COP 30
A realização da COP 30 em Belém representa um marco histórico para colocar a Amazônia no centro das discussões climáticas globais. O movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30”, lançado pela UFPA, tem como objetivo consolidar e divulgar a produção científica e socioambiental da região, garantindo que as perspectivas locais sejam ouvidas e consideradas nas negociações internacionais.
A iniciativa também busca ampliar o debate sobre questões críticas, como a contaminação por mercúrio e seus impactos na saúde pública e nos ecossistemas. Ao trazer para a agenda global temas emergentes e pouco visibilizados, a Amazônia se consolida como um espaço de inovação e soluções sustentáveis.
A COP 30, em uma cidade da Amazônia, é uma oportunidade estratégica para reforçar o protagonismo das comunidades da região na luta contra as mudanças climáticas. A integração de saberes científicos e tradicionais, aliada a uma governança territorial participativa, é essencial para a proteção da sociobiodiversidade e para garantir um futuro sustentável para a região e para o planeta.
Fonte: Terra