Sertão aflora para o turismo e cria rotas com envolvimento das comunidades

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O turismo no Nordeste não é mais feito somente das belas praias. O Sertão do Rio Grande do Norte (RN) entra na rota turística do Brasil com lugares únicos. Passamos três dias viajando pela região Oeste do Estado, entre cavernas, mar de sal e sítios arqueológicos. Fomos entender o que o Rio Grande do Norte está fazendo para desenvolver o turismo no território sertanejo, lugar historicamente de pouca água e muitas vulnerabilidades sociais.

Conhecemos praias menos visitadas, como Ponta do Mel, São Cristóvão e Upanema, no município de Areia Branca. Mas, o nosso foco era fazer o caminho inverso, do mar para o sertão. Na visita à Casa de Pedra, no município de Martins, começamos a entender as novas rotas turísticas em cenários únicos. Foi inevitável notar as semelhanças entre esse pedaço do Rio Grande do Norte e o Pará, na Amazônia.

Os dois Estados têm grandes potenciais turísticos, muitos deles ainda pouco desenvolvidos. Por isso, tanto no território paraense, quanto no sertão do Rio Grande do Norte, prevalecem o ecoturismo e o turismo de aventura, além do turismo pedagógico, que é o forte do território sertanejo.

Em comum, o Pará e o RN também têm o foco na sustentabilidade ambiental, com esforços para proteger a biodiversidade e as culturas das populações tradicionais. O Pará busca inciativas para preservar a floresta amazônica e o RN cultiva práticas de turismo sustentável, para proteção ambiental, com envolvimento das comunidades locais.

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Casa de Pedra pré-histórica no coração do Sertão

A visita à Casa de Pedra, no município de Martins, na Chapada do Apodi, foi uma viagem no tempo. Do alto (foto) é possível ver o formato da casa, na Chapada do Apodi, no meio da Caatinga, um bioma 100% brasileiro. Estima-se que a caverna foi habitada pelos indígenas, povos originários, há cerca de 5 mil anos.

A Casa de Pedra é uma caverna formada por rochas calcárias, esculpidas ao longo dos séculos pela natureza. Suas estruturas com estalactites e estalagmites impressionam a ciência, atraem geólogos e espeleólogos e a visitação pedagógica e crianças e jovens.

O local possui evidências de ocupação humana pré-histórica. Nas pesquisas realizadas, foram encontrados artefatos como cerâmicas, ferramentas de pedra e vestígios de fogueiras, indicando que o local foi habitado por antigos povos indígenas.

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Entramos na casa em companhia do seu Titico, guia local, há quase 3 anos, formato pelo conhecimento tradicional que apreendeu nas comunidades. Ninguém conhece melhora a casa do que o senhor sertanejo, que dá as explicações científicas sobre as rochas, mas, também conta histórias que vieram do imaginário popular.

A casa tem sala, quarto e cozinha e muita imaginação. “Acredita-se que na casa vive uma princesa encantada. “A princesa tem cama e banheira”, conta seu Titico, que confessa nunca ter visto a moça, mas, garante que muitos visitantes já viram.

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Sertão aposta em modelo que envolve as comunidades locais nas atividades turísticas.

A mistura de conhecimento científico e conhecimento tradicional das histórias contadas pelos povos ao longo do tempo, faz parte do turismo no sertão nordestino. A estratégia é envolver as comunidades locais nas atividades para gerar o senso de pertencimento, emprego e renda e diminuir as vulnerabilidades sociais.
Para atingir os objetivos de desenvolver o turismo, protegendo o meio ambiente e gerando renda para as comunidades, o Sertão aposta na união. Na região de Apodi, várias cidades se uniram para formar um pacto chamado PPI do Sertão, que é baseado em três eixos, produzir, proteger e incluir.

“Com a união de instituições representativas do comércio, do turismo, associações de cunho filantrópico a gente tem pensado, planejado ações que possam unir agricultura familiar, o turismo sustentável e o turismo de base comunitária, buscar parcerias público privadas para fazer com que a caatinga seja preservada, porque é um bioma muito importante, inclusive para o clima da região nordeste”, afirma Alexandre Dantas presidente da ProTurismo e vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Apodi.

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Para Alexandre Dantas é importante trabalhar o turismo com preservação ambiental, a partir do envolvimento das comunidades. Ele diz que a crise climática já tem afetado o Nordeste, assim como outros locais do Brasil.

“Nós temos percebido o clima um pouco mais estranho, fora do compasso, período de chuva um pouco mais extenso em alguns lugares e outros lugares nós temos uma estiagem, pouquíssima chuva. Isso acaba afetando também a produção da agricultura em larga e em pequena escala a agricultura familiar”, analisa Dantas.

Natal, a capital do RN, aposta na comunicação para impulsionar o turismo

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Começa amanhã e vai até o dia 3 de agosto, em Natal (RN), o I Encontro da Federação Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Turismo (Febtur), que irá reunir mais de 100 jornalistas e comunicadores, como estratégia para impulsionar a indústria turística do Rio Grande do Norte.

“Essa importante ação faz parte dos objetivos da Febtur, que é promover a integração entre associados e divulgar os destinos turísticos do Brasil”, afirma o presidente da Febtur Gorgônio Loureiro. Ele diz que o RN está incentivando o turismo, não somente nas praias, mas, também no Sertão e no Agreste. “O encontro de jornalistas especializados pode contribuir para a estratégia do Estado”, afirma o presidente.

O evento em Natal vai somar os esforços de promoção e divulgação do Governo para manter a cidade na prateleira das operadoras do Brasil e do Mundo. “Serão mais de 300 matérias espontâneas produzidas pelos jornalistas associados que virão ao Encontro e divulgadas no Brasil e exterior sobre as diversas atratividades turísticas do RN. O investimento que o RN fez em trazer o Encontro de Jornalistas e Comunicadores da FEBTUR, terá um retorno em divulgação100 vezes maior ao valor investido”, afirma Loureiro.

Belém poderá ser a sede do próximo Congresso de jornalistas no ano da COP 30

Foto: João Ramid/Ver Amazônia

Jornalistas do Pará, que participam do Encontro em Natal, chegam com a proposta de trazer o próximo evento nacional da Febtur para a Amazônia, especificamente para Belém, a capital da COP 30. A proposta será apresentada pela diretoria regional da Febtur no Pará, formada pelos jornalistas Cristina Hayne e João Ramid.

“Temos a sinalização de apoio das nossas autoridades, para que possamos ter a presença de jornalistas do Brasil e do mundo, em Belém, em 2025, no ano da COP 30”, afirma Cristina Hayne.

O presidente nacional da Febtur, Gorgônio Loureiro diz que “existe a possibilidade de Belém receber o II Congresso Brasileiro de Jornalistas e Comunicadores de Turismo – FEBTUR em 2025. As conversar foram iniciadas, vai haver uma carta de intenção de Belém, que será apresentada na Reunião Plenária da FEBTUR em Natal”, afirma. Segundo Gorgônio, as propostas definitivas ficaram para serem apresentadas em novembro para votação dos associados, quando será definida a cidade sede do II Congresso Brasileiro da FEBTUR.

Gorgônio ressaltou a importância de debater o turismo junto com as questões socioambientais. “Existem dois segmentos com os quais o turismo interage diretamente. O meio ambiente, ecologia e a gastronomia. Sem estes dois elementos, não existira turismo. Por isso é tão necessário que existam politicas públicas para preservação ambiental onde a natureza presenteou a humanidade com tanta generosidade, afirma. “A realização da COP 30 em Belém, também é o reconhecimento dessa importância da região amazônica para o turismo mundial”, finaliza.

Por Mariluz Coelho, especial para o DOL

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