Na presidência do G20, Brasil se coloca na vanguarda da bioeconomia

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Na presidência do G20, o Brasil está promovendo na agenda das maiores economias do mundo uma ampla discussão sobre o papel da bioeconomia na redução das desigualdades e no combate à pobreza.

Em junho deste ano, o Brasil lançou a Estratégia Nacional de Bioeconomia, destacando as áreas essenciais para o desenvolvimento sustentável, como o manejo florestal produtivo que não compromete os recursos naturais, com foco em Sistemas Agroflorestais (SAFs) e na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). A bioeconomia é a estrela da vez e a Amazônia é o locus onde o tema mais merece atenção.

No relatório ‘State of the Global Bioeconomy’, o Fórum Mundial de Bioeconomia estimou que o setor possui um valor total de US$ 4 trilhões. Segundo uma pesquisa do Henderson Institute (BHI) do Boston Consulting Group, esse valor pode alcançar US$ 30 trilhões até 2050.

Contudo, o estudo “Oportunidades para exportação de produtos compatíveis com a floresta na Amazônia brasileira”, do projeto Amazônia 2030, revela que a realidade brasileira ainda está distante dessas perspectivas. Entre 2017 e 2019, os empreendimentos na Amazônia exportaram 64 produtos oriundos de extrativismo florestal não-madeireiro, sistemas agroflorestais, pesca e hortifruticultura, gerando uma receita anual de US$ 298 milhões, representando apenas 0,17% do mercado global.

Nos últimos anos, a iniciativa privada, filantropia, fundos de investimento, instituições financeiras multilaterais e organizações da sociedade civil têm impulsionado o ecossistema de inovação para o desenvolvimento da bioeconomia no Brasil.

Diversos programas de financiamento e aceleração de negócios foram criados, investimentos em pesquisa e desenvolvimento foram ampliados, e práticas sustentáveis e cadeias da sociobiodiversidade foram fortalecidas. Além disso, a recém-lançada Estratégia Nacional de Bioeconomia também contempla o fortalecimento das cadeias produtivas de comunidades tradicionais, focando no impacto socioeconômico positivo.

Apesar dos avanços, ainda são muitos os desafios que inibem o aumento da produção e demanda por produtos da bioeconomia. Entre eles, a necessidade de adequar as exigências de investimento às realidades e públicos que diferem dos investimentos tradicionais, considerando uma perspectiva de longo prazo, com maior período de carência.

Além disso, é fundamental garantir a rastreabilidade da cadeia produtiva, manter a estabilidade na oferta de produtos e viabilizar os esforços para que os benefícios gerados pelos negócios sejam distribuídos de forma mais justa e inclusiva ao longo de toda a cadeia, especialmente para as bases.

Outros pontos de melhorias necessários residem no monitoramento e na avaliação do impacto positivo gerado pelos empreendimentos. Esses processos são complexos e demandam esforços que os negócios em estágio inicial, muitas vezes, ainda não conseguem sustentar. Com a estruturação e consolidação das atividades, a coleta de dados tende a evoluir, à medida que as ações do dia a dia se tornam mais maduras.

Para avançar de forma ainda mais significativa na consolidação da bioeconomia como um pilar de soluções ambientais, sociais e econômicas, é preciso fortalecer e implementar as políticas públicas, aumentar os investimentos em infraestrutura e expandir as parcerias estratégicas entre governos, setor privado e organizações da sociedade civil. Sem promover a inclusão, a equidade na distribuição dos benefícios e a redução das desigualdades sociais, não será possível alcançar um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

Autoras:
  • Malu Paiva, vice-presidente de sustentabilidade da Vale
  • Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias Fundo Vale
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