Pantanal caminha para cinco anos com déficit de chuvas

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Abacia do Alto Paraguai, com mais de 360 mil km² na região do Pantanal, que abrange os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, acumula déficits de chuva desde o verão de 2019/2020. A exceção foi o período entre 2022/2023, quando anomalia de chuva ficou positiva em 76mm acima da média, nos demais anos houve redução na precipitação. Desde janeiro deste ano, a situação hidrológica é considerada crítica na região, tendo registrado seca excepcional em algumas áreas, o mais alto grau no ranking de classificação, nas estações pluviométricas de Ladário, localizada no Noroeste, e Porto Murtinho, localizada no Oeste, ambas em Mato Grosso do Sul.

Segundo nota técnica sobre a condição de seca emitida pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a seca afeta as áreas agroprodutivas, principalmente os minifúndios, e a perspectiva é de alta probabilidade de fogo, especialmente no Mato Grosso do Sul. Todo o bioma Pantanal está em estado de atenção e alerta.

“Por enquanto, a seca está mais intensa nas regiões mais elevadas da bacia do Alto Paraguai, o que tem contribuído para os impactos nos recursos hídricos, já que são áreas de contribuição da bacia. No entanto, como a previsão é de chuvas abaixo do normal no mês de junho, espera-se que a situação no bioma (planície) se intensifique”, explica a especialista em secas e pesquisadora do Cemaden, Ana Paula Cunha.

Mapa do indíce integrado de seca. | Foto: divulgação/MCTI

Entre dezembro de 2023 e maio de 2024 a bacia do Alto Paraguai, que tem como característica marcante a divisão entre o planalto – que abriga nascentes de vários rios e contribui para a recarga de aquíferos – e áreas de planície, registrou –277mm de chuva, comparado à média histórica. Até o momento, a redução não foi maior do que a registrada entre 2020/2021, quando a anomalia negativa de chuva foi de –311mm. Contudo, o Cemaden alerta que em termos de recursos hídricos, a situação é pior do que a vivenciada há quatro anos.

“Por enquanto, os impactos têm sido mais intensos nos recursos hídricos, em razão das chuvas acumuladas abaixo da média em vários verões seguidos (exceto em 2022/2033). Em relação ao risco de incêndio de vegetação (fogo), pode ter um aumento no número de focos de queimadas, mas ainda é incerto se será pior ou não do que final de 2020”, projeta Cunha.

De acordo com a pesquisadora a redução contínua das chuvas nessa região tem algumas razões. O fenômeno El Niño forte no final do segundo semestre de 2023 contribuiu para a falta de chuvas e os extremos de temperatura na região. Entre 2020 e 2021, um bloqueio atmosférico na região central do Brasil ocasionou a redução das chuvas na região. “Alguns estudos mostram que o aumento da frequência de bloqueios [atmosféricos] podem estar relacionados com as mudanças climáticas e com o desmatamento. Mas, ainda são necessários mais estudos para uma afirmação concreta”, expressa a pesquisadora.

Os impactos nas áreas agroprodutivas se agravaram em maio, podendo afetar 118 municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que corresponde a 54% das municipalidades. Em dezembro, 43% do total de municípios apresentavam pelo menos 40% de áreas agroprodutivas potencialmente afetadas pela seca. Grande parte dos minifúndios da região, apresentaram mais de 80% da área impactada.

“Considerando que o período de novembro a fevereiro compreende a maior parte dos ciclos agrícolas, a seca ocorrida nessas áreas, nesse período, pode ter contribuído para a queda na produtividade”, avalia Cunha. A pesquisadora também indica que a seca prolongada também tem causado impactos nas áreas de pastagens.

Índice integrado de seca

O Índice Integrado de Seca do Cemaden combina informações sobre o déficit de chuvas, a umidade do solo e o estresse hídrico da vegetação para avaliar a intensidade da seca. As análises do Índice Integrado de Seca em curto prazo, que varia de um a três meses, são relevantes para avaliar os impactos do déficit hídrico, na vegetação, relacionado ao potencial de risco de fogo, e na produção agrícola, especialmente em cultivos de ciclo curto. As informações são importantes para a tomada de decisão em relação ao manejo agrícola e à prevenção de incêndios florestais.

Com informações do MCTI

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