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De acordo com um relatório da Russell Reynolds Associates, a governança corporativa no Brasil deve priorizar avanços tecnológicos, incluindo inteligência artificial (IA), sustentabilidade alinhada à 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30) e diversidade na composição dos conselhos. Além disso, outros quatro temas urgentes foram identificados: o reaquecimento do mercado de capitais, o planejamento para sucessão e remuneração de lideranças, a atuação dos acionistas nos conselhos e os padrões gerais de governança.

Essas recomendações foram apresentadas no estudo “Tendências Globais em Governança Corporativa para 2024”, realizado anualmente pela Russell Reynolds Associates. O estudo reúne os principais desafios e tendências identificados por líderes da área para os conselhos brasileiros e de outros países. Além do Brasil, foram ouvidos representantes dos EUA, Canadá, México, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Países Nórdicos, Índia, Emirados Árabes, Austrália, Cingapura e Malásia.

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Em comparação com outros países de referência, o estudo apontou que o Brasil está atrasado em termos de diversidade de gênero nos conselhos. Enquanto países como França e Reino Unido já alcançaram mais de 40% de assentos ocupados por mulheres, o Brasil registrou apenas 18%. Esse atraso é considerado preocupante e indica a necessidade de promover a diversidade de gênero nos conselhos.

Além disso, o Brasil também está em desvantagem em relação aos avanços tecnológicos. Enquanto em outros países a inteligência artificial e outras tecnologias avançadas estão sendo adotadas, no Brasil essas inovações ainda são vistas como promessas para o futuro. É necessário que os conselhos brasileiros tenham uma visão mais inovadora e acompanhem as transformações tecnológicas de forma mais ágil.

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“Estamos muito atrasados na área de diversidade”, avalia o sócio-diretor da Russell Reynolds Associates, Jacques Sarfatti, que conduziu a pesquisa no Brasil. “Por exemplo, nos EUA, já se discute a diversidade étnica. Eles já passaram pela diversidade de gênero, pela diversidade racial, e estão em um terceiro ciclo. O Brasil ainda está no primeiro, que é o de diversidade de gênero.”

A mudança do cenário pode depender de fatores externos, complementa o analista. “(A diversidade de gênero nos conselhos do Brasil) não acontece por causa do conservadorismo, e a perspectiva de mudança será proporcional à pressão que os investidores fizerem para que isso seja revertido.”

Outro destaque no Brasil são as oportunidades relacionadas à agenda econômica e política doméstica. O reaquecimento do mercado de capitais é visto como uma grande oportunidade, com expectativa de novos IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) e follow-ons (ofertas de ações de empresas já listadas na bolsa). Além disso, a realização da COP-30 no Brasil em 2025 pode impulsionar a governança corporativa em relação às questões ambientais e sociais. A pressão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também está aumentando, com a exigência de relatórios de sustentabilidade em conformidade com os padrões ISSB IFRS S1 e S2.

Para elevar os padrões de governança corporativa, os conselhos brasileiros devem fortalecer mecanismos de transparência na remuneração de conselheiros e executivos, ter planos estruturados de sucessão de lideranças, realizar avaliações externas para identificar oportunidades de melhoria, e aumentar a atuação dos acionistas nos conselhos.

“A governança brasileira está em uma evolução, só que essa evolução precisa acelerar”, diz Sarfatti. “Outros países, além de estarem em outro patamar, já estão indo para o próximo com uma velocidade maior. Acredito que nós ainda não acordamos (para o fato de) que precisamos ser mais rápidos e mais ágeis na implementação das melhores práticas de governança aqui no País.”

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