Como a população de Belém vê as mudanças climáticas

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Even Oliveira/Diário do Pará – As temperaturas extremas e os eventos climáticos severos têm se tornado pautas frequentes no dia a dia da população. A onda de calor intenso é um dos questionamentos inevitáveis. A percepção popular sobre essas mudanças climáticas varia entre a preocupação e o ceticismo, mas um ponto é consenso: as alterações ambientais estão cada vez mais evidentes.

Nos últimos meses, por exemplo, a relembrar as fortes chuvas no Rio Grande do Sul, em abril de 2024, que causaram inundações históricas, com mortes, desalojados e prejuízos econômicos expressivos. Enquanto isso, na Amazônia, mais precisamente no Estado do Amazonas, o oposto ocorreu: a seca severa registrada em julho do ano passado foi uma das piores da história, afetando o transporte fluvial, a fauna e a qualidade de vida das populações ribeirinhas.

Para o autônomo Miro Tavares, de 54 anos, que tem familiares no Sul do país e vivenciou a preocupação relacionada aos eventos extremos, a situação é alarmante. “A gente tem esses canais aqui em Belém e o pessoal joga tudo que é bagulho lá dentro. Aí quando enche, transborda. A prefeitura manda limpar, mas sempre tem gente que suja de novo. É o meio ambiente, isso interfere em tudo”, comenta.

Além da educação ambiental, há quem aponte a falta de políticas eficazes para os impactos do clima. É o caso de Pedro Otávio, 53, servidor público. “Não adianta separar o lixo em casa se depois ele é misturado em aterros sanitários. Falta um sistema de reciclagem eficiente. O desmatamento é outra questão crítica, e a falta de fiscalização permite que a situação continue”, diz Pedro Otávio, 53, servidor público.

Para outros, a esperança de um bom futuro quase não existe. É o caso da empreendedora Silvia Brito, 50. “Cada vez mais vai ser pior. A gente desmata, não repõe, tem queimadas. Os filhos verão coisas que a gente nunca viu”, considera. Ela também percebeu os reflexos das mudanças climáticas na alimentação, como a escassez de alimentos básicos. “Até a banana, que é algo típico daqui, ficou difícil de encontrar por um tempo depois do que aconteceu no [Rio Grande do] Sul”, lembra. O desrespeito ao meio ambiente gera consequências inevitáveis. “‘Está calor demais?’, é a natureza devolvendo. Se você não planta, você não colhe”, afirma.

O reservista da Aeronáutica Francisco Nogueira, de 66, alerta que os problemas ambientais não estão restritos a uma região e que não há motivo para pensar que Belém está imune aos impactos climáticos. “Não é porque aconteceu no Sul que não pode acontecer aqui. Isso é um problema mundial. Não preservamos nossa natureza, e isso tem um preço”, alerta.

Maria Silvia, 65, aposentada, acredita que grandes empresas têm grande parcela de responsabilidade na crise climática. “As grandes empresas jogam detritos nos rios, não cuidam do meio ambiente e algumas ficam fingindo que se preocupam”, critica.

Além das mudanças no regime de chuvas e do aumento das temperaturas, que alteram ecossistemas inteiros, Maria aponta a contaminação dos oceanos por embarcações, afetando, consequentemente, o cenário ambiental e mantendo o ciclo do clima. “Depois que jogaram um monte de detrito no mar, nunca mais foi o mesmo. O pior é que quem sofre as consequências somos nós”, lamenta.

A percepção sobre as variações climáticas também é notada por Fellipe Sousa, 29, estudante de design. “Ano passado ficou muito calor por bastante tempo, e este ano está chovendo muito”, diz. Para ele, falta compromisso da sociedade como um todo. “A gente sabe que a região [Belém] é chuvosa, mas o que pesa mais é como a cidade lida com isso. As pessoas ainda veem a questão climática como algo distante, mas está batendo na nossa porta”.

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