Helder anuncia operação de crédito de carbono de R$ 1 bi na Casa Amazônia NY

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Durante sua participação na Casa Amazônia NY, o Governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou que nesta terça-feira, 24, será concretizada a maior operação de venda de créditos de carbono da história: 12 milhões de toneladas comercializadas a 15 dólares por tonelada, o equivalente a R$ 1 bilhão em uma única venda. No evento, que leva as vozes da Amazônia para discussões na Semana do Clima de NY, o governador anunciou ainda que até 2026 o Pará terá 100% de rastreabilidade nas cadeias de proteína bovina e bubalina. Segunda edição consolida Casa Amazônia como um dos grandes eventos da programação da Semana do Clima de NY.

A Casa Amazônia é um evento que visa valorizar as características do modelo sustentável de manejo do território e de seus produtos, de maneira a ressaltar a riqueza cultural da Amazônia. Por isso o governador aproveitou sua participação no evento para anunciar avanços do Pará em políticas ambientais e investimentos em novos mercados, como a maior venda de créditos de carbono na história.

Segundo Helder, a venda de 12 milhões de toneladas de carbono, que renderá mais de R$ 1 bi, será feita de forma a atrelar os recursos a uma estratégia de distribuição, com parte deles destinadas à sociedade, o que inclui povos indígenas, quilombolas e extrativistas e integrantes da agricultura familiar. A parte que caberá ao Pará será obrigatoriamente vinculada à continuidade da política de redução de emissões de gases de efeito estufa.

“Essa é uma agenda extraordinária, será a maior venda de créditos de carbono da história. Temos o sonho de fazer com que a floresta viva possa valer do que a floresta morta precisa virar a chave e se transformar em realidade efetiva no momento em que a floresta ganhe valor”, ressaltou Barbalho.

O governador anunciou ainda que o Pará iniciou o processo para garantir rastreabilidade individual de cadeia de proteína animal bovina e bubalina, com a participação da iniciativa privada, adesão de produtores e da indústria. A meta é que até 2026 100% da produção animal esteja completamente rastreada, contemplando cada indivíduo dos rebanhos bovino e bubalino.

Para Ana Cláudia Cunha, Mestre em administração pública com enfoque em desenvolvimento econômico pela Columbia University/SIPA uma das idealizadoras do evento, a edição de 2024 firma a Casa Amazônia como um dos grandes eventos da Semana do Clima de Nova York. “O legado da Casa Amazônia de 2024 é, sobretudo, firmar um espaço plural de discussões desafiadoras e trazer diferentes perspectivas e atores relevantes para discutir a Pan-Amazônia. Ter o evento pela segunda vez em Nova York consolidou a existência da Casa Amazônia e, de alguma forma, fez com que a gente celebrasse a diversidade, pluralidade e, sobretudo, a excelência da região. Acho que o grande legado é o ter crescido muito em estrutura e ter se firmado enquanto um dos grandes eventos da Semana do Clima de Nova York”, disse.

Entenda como funciona o Mercado de Carbono

O mercado de carbono permite a negociação tanto de créditos de carbono quanto de compensações de carbono (compensação ambiental). Isso tanto colabora para lidar com a crise ambiental quanto cria oportunidades de negócio. Ou seja, o desafio da crise climática e do aumento de emissões globais criam novos mercados e o mercado de créditos de carbono pode ser uma alternativa para que países e empresas diminuam a emissão de gases de efeito estufa.

O interesse renovado nesse mercado é relativamente novo, embora o mercado internacional de comércio de carbono exista desde os Protocolos de Kyoto de 1997. As metas internacionais de emissões de carbono foram determinadas tanto pelo Protocolo de Kyoto de 97, quanto pelo Acordo de Paris de 2015 – este último dando origem a metas de emissão nacional e também regulamentações para as apoiar.

Em virtude dessas regulamentações, empresas precisam reduzir ou compensar sua emissão de carbono – e, como consequência disso, uma das soluções possíveis envolve o mercado de carbono. O que esse mercado faz é transformar as emissões de CO2 em commodity, atribuindo a elas um preço. Assim sendo, essas emissões se tornam créditos de carbono que podem ser comprados e vendidos.

Quando uma empresa, por exemplo, consegue diminuir a quantidade de carbono que emite, gera créditos e pode vender o crédito excedente. Assim sendo, cada tonelada de CO2 que deixa de ir para a atmosfera gera um certificado que, por sua vez, pode ser comercializado. Logo, quem não consegue reduzir a emissão de carbono compra esses créditos, geralmente de quem tem projetos de reflorestamento ou investe em agricultura sustentável.

Imagine, por exemplo, duas empresas, a Empresa A e a Empresa B: ambas com permissão para emitir 400 toneladas de carbono. Acontece que a Empresa A adotou processos com menor emissão e emitirá, ao longo do ano, apenas 200 toneladas de CO2. Já a Empresa B está emitindo além das 400 toneladas que poderia, de modo que pode comprar créditos excedentes da empresa A, evitando multas e impostos por descumprimento do limite estipulado.

Um detalhe a ser observado: créditos de carbono não são o mesmo que compensações de carbono. Créditos de carbono equivalem a permissões, ou seja, autorizações de emissão. Ou seja, uma empresa que compra um crédito obtém autorização para emitir uma tonelada de CO2.

A Amazônia faz de Nova York sua casa na Semana do Clima

A Casa Amazônia Nova York retornou à Big Apple em 2024, em mais um mergulho profundo na riqueza cultural e ambiental da Amazônia. O evento, que estreou na Semana do Clima no ano passado, teve sua segunda edição marcada no dia 23 de setembro, no moderno Lightbox, escolhido para realçar a proposta imersiva do projeto. Este ano, o tema “Fazer Amazônida” conduziu os participantes por uma narrativa que entrelaça técnicas ancestrais e inovações contemporâneas, revelando as características do modelo sustentável de manejo do território e de seus produtos, e apresentando um cartão de visitas da sede da COP 30 ao público internacional.

A primeira edição atraiu mais de 600 visitantes e contou com a presença de 40 instituições e palestrantes, como a cantora Fafá de Belém e o governador do Pará, Helder Barbalho. Na edição de 2024, o evento contou com uma série de palestras, que mesclaram líderes da administração pública, empresários e pesquisadores do bioma amazônico, compartilhando seus desafios e visões sobre o futuro sustentável da região. Entre os temas discutidos estão bioeconomia, financiamento climático, COP 30, equidade e mercado criativo.

Para sensibilizar os visitantes e proporcionar engajamento entre palestrantes e público, o espaço foi transformado em um ambiente imersivo, onde projeções multimídia em 360º destacaram produtos amazônicos. As exibições não apenas mostraram as práticas tradicionais, mas também a maneira como a modernização e a sustentabilidade mantêm essas técnicas ancestrais vibrantes e relevantes. Cada produto foi apresentado como uma obra de arte, refletindo a beleza e a complexidade da região. A experiência foi enriquecida por totens interativos com ativação de realidade aumentada e rodas de conversa com produtores, empreendedores e artistas locais, proporcionando um diálogo direto entre o público e as vozes autênticas da Amazônia.

Retratar a cultura amazônica em sua pulsante diversidade foi indispensável. Por isso, a iniciativa reuniu artistas locais e pesquisadores para mostrar as formas de expressão que surgem da floresta em diversas linguagens.

Fotos: Bruno Stead e Saad Santos.

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