Trayce Melo/Diário do Pará – A COP30, que será realizada em novembro de 2025, movimenta empreendedores, que veem no evento uma vitrine internacional para seus produtos regionais. A farinha de mandioca e o açaí ganham destaque com o fortalecimento de negócios.
Adriane Cavalcante é fundadora do Fofa Depósito de Farinha, no bairro da Sacramenta, em Belém. Com 18 anos de atuação no ramo, Adriane vem investindo na identidade visual de sua marca, redesenhando o layout do espaço e capacitando sua equipe para atender a essas possíveis novas demandas do mercado internacional.
“A COP30 é uma grande vitrine. Estamos reforçando nossa marca, mudando o layout da loja para receber os visitantes estrangeiros e facilitar a exportação dos produtos. A ideia é manter a qualidade e, ao mesmo tempo, oferecer comodidade e preço acessível”, afirma Adriane.
Ela ressalta que o marketing digital e a adaptação às novas formas de consumo são estratégias fundamentais para o crescimento do negócio. “Hoje, o cliente quer conforto. Ele quer receber em casa. A gente já entrega nos portos, em ônibus, no navio, onde for preciso. O consumidor moderno quer variedade, preço justo e qualidade, e é isso que estamos oferecendo”.
Além da farinha, o depósito ampliará seu portfólio com a “Fazendinha Fofa”, que irá oferecer produtos naturais e artesanais do interior do Pará, como queijo, manteiga, coalhada, iogurte e polpas de frutas. “A ideia é trazer o interior para a cidade. São alimentos que só se encontram em comunidades rurais, com aquele sabor de verdade, sem aditivos. Já começamos a buscar a primeira remessa, e a estrutura com freezers e espaço adaptado já está em fase final”, conta Adriane.
A empresária também exporta regularmente para outros estados brasileiros e já iniciou operações pontuais para os Estados Unidos. Japão e outros mercados estão no radar, embora ainda haja desafios, especialmente na carga tributária e na burocracia para exportação. “Ainda enfrentamos barreiras com impostos e custo logístico, mas estamos vencendo aos poucos. A farinha que produzimos é artesanal, feita no nosso próprio retiro. A qualidade é o nosso diferencial, e o mercado lá fora exige isso”, completa.
Outra empreendedora que aposta na COP30 para impulsionar os negócios é Lays Sampaio, do Açaí da Lays, na Feira da 25. Há cinco anos no ramo, Lays trabalha com o açaí puro, sem mistura, e está investindo em personalização de embalagens e divulgação digital para atingir o público estrangeiro. “Já mandei fazer as embalagens personalizadas com o nome e telefone, para que quem vier para Belém leve o contato com a gente para fora. A ideia é divulgar nosso nome internacionalmente”, diz.
KIT
Para se preparar para o evento, ela está montando o chamado “kit paraense”, que inclui farinha d’água, farinha de tapioca, bacaba e, claro, o açaí. “É o Açaí da Lays do Pará para o mundo. Já temos turistas chegando, inclusive técnicos e jornalistas que estão aqui por causa da COP. Eles querem viver a experiência do açaí verdadeiro, e é isso que oferecemos: o sabor da Amazônia de verdade”, destaca.
Diferente do consumo local, Lays percebeu que os visitantes estrangeiros não consomem o açaí em grandes quantidades, por isso está adaptando o serviço: porções menores e com refeições típicas. “Estou investindo em um prato típico para os turistas: o peixe frito com açaí. Não adianta vender um litro para alguém que está em hotel. O visitante quer viver a experiência aqui, na hora. E já estamos atendendo assim”.
Ela também aposta em sucos naturais como alternativa ao calor da cidade e planeja vender frutas frescas e sucos prontos para consumo. Apesar de não participar de feiras ou eventos paralelos, Lays escolheu manter o foco em seu ponto fixo. “A cidade vai estar cheia, e prefiro cuidar do que já tenho. Quero consolidar minha marca onde já sou conhecida”.