Dia da Água: conservação do recurso hídrico é necessidade urgente

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 Comemorado em 22 de março, o Dia da Água coloca em discussão pautas importantes e cada vez mais urgentes relacionadas à preservação desse recurso natural. Criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data tem o intuito de incentivar o esforço global em prol da conservação dos recursos hídricos com foco na mitigação da escassez de água no mundo. Para além da comemoração, a data chama para reflexão sobre os desafios que envolvem o tema.

A água é um recurso finito. Vital para o ser humano, esse recurso é essencial para o êxito de atividades econômicas, regulação do clima e a preservação de ecossistemas. Apesar da grande quantidade de água no mundo, a disponibilidade enfrenta problemas em relação à qualidade. Ainda que o planeta Terra possua cerca de 1,386 bilhões de quilômetros cúbicos de água, apenas 2,5% desse número é de água doce. Desses, a maior parte, cerca de 69%, é de difícil acesso, concentradas em geleiras, armazenadas em aquíferos, sendo apenas 1% encontrada em rios.

A legislação das águas no Brasil, composta pela Lei no 9.433/1997, também conhecida como Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), diz que o recurso natural é de domínio público dotado de valor econômico. O seu uso prioritário deve ser voltado ao consumo humano e para a hidratação de animais. Por isso, a sua gestão deve ser coletiva, cuidadosa, consciente e sempre voltada à conservação e aos usos múltiplos desse recurso, com o objetivo de promover o amplo acesso à oferta de água.

De acordo com Silvana Veloso, química industrial, especialista em qualidade da água e professora da Universidade Federal Rural do Pará (Ufra), o cuidado com os recursos hídricos tem papel central não só na manutenção dos ecossistemas, mas também para a segurança hídrica, questão que impacta diretamente a qualidade de vida no planeta. Preservar os mananciais e evitar o desperdício de água potável são assuntos fundamentais de atuação comunitária global que auxiliam na mitigação de crises hídricas, situação já registrada entre os anos de 2014 e 2015, que afetou a região sudeste do Brasil.

“É importante frisar a importância de evitar o desperdício. O que a gente pode fazer dentro de casa é instalar dispositivos mais econômicos em casa, arejadores para torneiras, chuveiros de baixo custo, vasos sanitários com caixa de descarga com capacidade menor de água, fechar as torneiras, reutilizar a água para lavar calçadas e pisos, tomar banhos mais curtos, corrigir vazamentos em casa, evitar lavar roupas em ciclos muito longos, recolher água da chuva. São medidas simples, mas que fazem toda a diferença e é interessante tanto para o meio ambiente quanto para a economia das pessoas”, sugere Silvana Veloso.

No Brasil, a estimativa é que 36% da água tratada seja perdida, tendo algumas regiões do país com mais de 50% de perda desse recurso já tratado, segundo a especialista em qualidade de água. Essa porcentagem varia pouco em relação ao resto do mundo, que registra cerca de 40% de perda de água tratada, principalmente em países que não tem uma boa infraestrutura. Essa realidade afeta os sistemas de abastecimento e as redes de distribuição, traduzida em um impacto econômico enorme.

“A gente relaciona a perda de água, na maioria das vezes, em sistemas de distribuição, vazamentos em redes de distribuição. As companhias tratam essa água e depois dessa etapa de tratamento, na manutenção do sistema a gente acaba perdendo essa água. Além dos furtos de água, com ligações clandestinas na tubulação, falta de investimento em infraestrutura e manutenção. Isso tem um impacto econômico enorme para o nosso país e no mundo”, revela a docente da Ufra.

TRATAMENTO

O processo de tratamento de água para consumo humano é realizado em estações de tratamento de água (ETAs), em várias etapas que culminam no armazenamento e distribuição. Nas estações de tratamento convencionais, a primeira etapa inicia com a captação, a retirada da água de mananciais; seguida pela adução, o transporte até a ETA. Após isso, a água passa por uma correção do PH para uma maior eficiência durante o tratamento.

Logo em seguida, o recurso passa por um processo de coagulação, em que é feita a retirada das impurezas provenientes do solo, através de um produto, que pode ser o sulfato de alumínio ou polímeros. Depois vem o processo de agregação por decantação; o processo de sedimentação; o processo de filtração e desinfecção com cloro. Ao fim, a água tem o PH corrigido novamente para a neutralidade, sendo armazenada e distribuída para a população.

“O tratamento da água é importantíssimo para questões de segurança pública, remoção de impurezas e para a própria proteção ambiental. A água, quando tratada, fica adequada para o uso urbano e industrial, reduzindo os custos com saúde pública, já que promove benefícios relacionados à melhoria da qualidade de vida de uma população”, conclui Veloso, química industrial.

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